Não houve nenhum milagre nos anos de Lula, e sim uma miragem que agora começa a se dissipar
Fiquei
muito envergonhado com a cataclísmica derrota do Brasil frente à Alemanha na
semifinal da Copa do Mundo, mas confesso que não me surpreendeu tanto. De um
tempo para cá, a famosa seleção Canarinho se parecia cada vez menos com o que
havia sido a mítica esquadra brasileira que deslumbrou a minha juventude, e
essa impressão se confirmou para mim em suas primeiras apresentações neste
campeonato mundial, onde a equipe brasileira ofereceu uma pobre figura, com
esforços desesperados para não ser o que foi no passado, mas para jogar um
futebol de fria eficiência, à maneira europeia.
Nada
funcionava bem; havia algo forçado, artificial e antinatural nesse esforço, que
se traduzia em um rendimento sem graça de toda a equipe, incluído o de sua
estrela máxima, Neymar. Todos os jogadores pareciam sob rédeas. O velho estilo
– o de um Pelé, Sócrates, Garrincha, Tostão, Zico – seduzia porque estimulava o
brilho e a criatividade de cada um, e disso resultava que a equipe brasileira,
além de fazer gols, brindava um espetáculo soberbo, no qual o futebol
transcendia a si mesmo e se transformava em arte: coreografia, dança, circo,
balé.
Os
críticos esportivos despejaram impropérios contra Luiz Felipe Scolari, o
treinador brasileiro, a quem responsabilizaram pela humilhante derrota, por ter
imposto à seleção brasileira uma metodologia de jogo de conjunto que traía sua
rica tradição e a privava do brilhantismo e iniciativa que antes eram
inseparáveis de sua eficácia, transformando seus jogadores em meras peças de
uma estratégia, quase em autômatos.
(...) não só o povo brasileiro estará lavrando a própria ruína, e mais cedo do que tarde descobrirá que o mito sobre o qual está fundado o modelo brasileiro é uma ficção tão pouco séria como a da equipe de futebol que a Alemanha aniquilou. E descobrirá também que é muito mais difícil reconstruir um país do que destruí-lo. E que, em todos esses anos, primeiro com Lula e depois com Dilma, viveu uma mentira que seus filhos e seus netos irão pagar, quando tiverem de começar a reedificar a partir das raízes uma sociedade que aquelas políticas afundaram ainda mais no subdesenvolvimento.
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