A democracia brasileira é uma
bagunça, tanto no funcionamento do aparelho do Estado (relações entre os Três
Poderes e pequenas repúblicas cartoriais envolvidas no exercício da atividade
administrativa no dia a dia), quanto no processo eleitoral propriamente dito. A
última semana desnudou a vergonhosa realidade desta bagunça: alianças feitas sem
respeito às identidades ideológicas ou éticas entre os candidatos de uma mesma
coligação. Como em toda bagunça, o eleitor fica desconsolado e o aparelho do
Estado caótico.
Esta bagunça de casamentos
imorais em grupos sem identidade, que foi chamada de “orgia” e “suruba”,
respectivamente, pelo prefeito Eduardo Paes e pelo deputado Alfredo Sirkis, tem
outro demonstrativo vergonhoso no custo das campanhas. Somente Dilma e Aécio
preveem gastar R$ 588 milhões. Somando os demais presidenciáveis, o custo será de
R$ 870 milhões.
Em 2010, as eleições a todos os
cargos custaram R$ 3,23 bilhões, cerca de 11vezes mais do que os gastos dos
presidenciáveis de então. Mantida a mesma proporção, em 2014 os gastos serão de
R$ 9,7 bilhões, equivalentes ao pagamento de piso salarial para 100 mil
professores ao longo de quatro anos. Nenhum regime pode ser considerado
democrático se cada voto custa tão caro, os professores tão pouco, e os
candidatos precisam ser ricos ou comprometidos com ricos financiadores de suas
campanhas ou as duas coisas.
O maior custo, porém, não é
financeiro, é o caos político e administrativo que está esgotando o atual
modelo de democracia brasileira, desmoralizando e emperrando o funcionamento do
setor público. Apesar disso, ainda não vimos qualquer dos candidatos à
presidência propondo reforma eleitoral que reduza este custo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário