sábado, 28 de setembro de 2024

Economia ou meio ambiente: o que fazer?

O mundo encontra-se em uma encruzilhada: promover o desenvolvimento econômico ou cuidar do meio ambiente? Uma situação sem saída, a famosa “sinuca de bico”.

“O que fazer?”, na famosa expressão de Lênin sobre de como se organizar para tomar o poder: formar o partido. Outrora, isto foi importante, como instrumento de transformação social. Assim foi o Partido Democrata nos Estados Unidos; o Partido Trabalhista na Inglaterra; o Partido Social-Democrata na Suécia. Mudaram e formataram as sociedades. Hoje, os partidos são mais instrumentos de contenção e de controle social do que de representação política e de transformação social. As ideias nascem, vigoram, e morrem, como tudo.

“O que fazer?”, então, na drástica situação do apogeu do capitalismo e do ocaso de nossa existência? Da economia, do planeta, e da alma humana.




Se desenvolvemos, a tudo estragamos. O planeta é pequeno, com somente 40 km de ar, 75% da atmosfera nos primeiros 10 km, e com biodiversidade agressiva, com espécimes que não se entendem e vivem em guerra. Mesmo, e principalmente, entre os homens. Os dados de Chris Hedges, em seu livro “Tudo que as pessoas deveriam saber sobre as guerras”, 2023, mostram que nos últimos 3.400 anos tivemos somente 268 anos sem guerras, ou seja, 8% de paz.


Adicionalmente, os sistemas políticos de hoje dependem do aumento do PIB para a sua manutenção. Quando o PIB aumenta, o governante se reelege, ou faz o seu sucessor; quando o PIB não aumenta, o governante é substituído, e nem faz o seu sucessor. O aumento do PIB está vinculado à ideia de melhoria da condição de vida da população, o que, entretanto, não tem acontecido, com o aumento da desigualdade entre as classes sociais de 1980 para cá, segundo o “World Inequality Report”. O aumento do PIB, além de não resolver o problema da desigualdade, esbarra nos limites dos recursos naturais, escassos no planeta. A temperatura do planeta aumenta, com secas e queimadas. Já se cuidarmos do meio ambiente, limitador que é da atividade econômica, os problemas sociais aumentam, com a desagregação política. Nas sociedades, não existem soluções cooperativas que limitem o desenvolvimento econômico conjuntamente com a distribuição de renda. Ou seja, “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, na clássica insolução do desespero, se permitam-me o neologismo.

A crescente inflação será o grande indicador da derrocada mundial, pela crescente escassez de produtos, devido ao desequilíbrio ecológico. Guerras e pandemias se intensificarão. As elites não se preocupam com a ecologia, achando que o dinheiro manterá o seu status, esquecendo que seus produtos, como carros, computadores e demais produtos, dependem da existência de sociedades numerosas e organizadas.

“O que fazer?” O homem não tem solução. No impasse das decisões radicais, segundo a Teoria dos Jogos, o homem tende a seguir por soluções moderadas, e irá aterrissar em futuro próximo no nível de horror prescrito pelo filme “A máquina do tempo” de George Pal, do livro de H. G. Wells. Temos que chegar a alguma solução inédita, de consenso na humanidade; ou mesmo de dissenso, desde que funcione; estabilizando a humanidade em algum nível de funcionamento, conhecimento, e de saber. Somente à beira do abismo o homem tomará uma decisão, para o bem ou para o mal. O paradigma ainda não se formou, nem embrionariamente, para que possamos saber “O que fazer?”

E o Brasil queima, nas matas de seu país, na secagem de seus rios. No filme “O dia em que a terra parou”, de Scott Derrickson, o então alienígena recém chegado à Terra, na intérprete de Keanu Reeves, quando questionado sobre o propósito de eliminar a humanidade em outro planeta, o planeta Terra, devido aos danos gerados ao meio ambiente, diz que “esse planeta não é de vocês”. Que aprendamos a ser bons inquilinos.

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