Sem os antolhos que os lobbies petrolíferos colocam em nós, bastam os dados acima para ver que a riqueza decorrente da exploração do “ouro negro” é um mito; ele enriquece, e muito, uma pequena minoria, cuja dinheiro lhes permite definir políticas públicas. Dada essa força, usam a mentirosa promessa de melhorar a condição humana para forçar a continuidade da sua exploração, negando a consequente degradação!
Enquanto isso, continuam cada vez mais graves a destruição ambiental e humana decorrentes da queima de combustíveis fósseis e da busca por mais e mais PIB: recordes de calor quebrados sucessivamente; custos crescentes dos eventos extremos; metade hoje, mais amanhã, da população mundial com falta d’água; a insuspeita OCDE estima que, sem radical mudança de rumo, em duas décadas a temperatura média do planeta terá subido entre 3ºC e 6ºC; a poluição do ar compromete até o cérebro da maioria das crianças em todo o planeta, e as empresas de petróleo seguem ganhando subsídios da ordem de US$10 milhões/hora, globalmente, de acordo com o FMI.
Com todos esses e muitos outros sinais, como seguir explorando combustíveis fósseis e perseguindo aumentar o PIB? Argumentar que queimar mais petróleo vai tornar a vida melhor é fechar os olhos às evidências e à ciência e, ainda, acelerar a hecatombe.
Nas últimas seis ou sete décadas as novas tecnologias e as políticas públicas que buscam o crescimento do PIB aceleraram a degradação ambiental, multiplicaram a renda dos milionários e pouco ou nada melhoraram a vida de mais dos mais de 70% de humanos, que continuam “pobres”. Nesse quadro, e com essas tendências, não se pode esperar “progresso” – no sentido de vidas “melhores” para a maioria – senão alterando objetivos e políticas.
O Brasil, com energia mais limpa que a média e grandes reservas ambientais, deveria e poderia se engajar de maneira mais efetiva na construção do novo e cada vez mais necessário mundo. Mais que “enriquecer”, no sentido de aumentar o PIB, consumir mais e gerar mais lixo, há que promover outros objetivos: renda mínima para todos, maior igualdade, prevenir doenças, melhor alimentação, mais tempo livre e oportunidades de interação social, ambientes urbanos mais confortáveis, para citar uns poucos.
Outro, essencial, é aprofundar cada vez mais a democracia, com crescente participação popular na definição dos usos dos recursos disponíveis.
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