Segundo a revista Diálogos Soberania e Clima (edição especial V3. Nº1 2024), os sistemas de defesa atuais sofrerão impactos de desastres naturais e de seus efeitos, da mesma forma que outros setores públicos e privados, ou com maior intensidade.
Para se ter uma ideia, segundo um relatório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, cerca de metade das 3.500 instalações de defesa norte-americanas relataram já terem sofrido algum efeito adverso de episódios climáticos como ventos fortes, inundações, incêndios florestais ou secas intensas.
Essa vulnerabilidade física (e da adequação tecnológica) das instalações e dos equipamentos de defesa diante dos extremos climáticos será, sem dúvida, um dos aspectos com maior relevância no planejamento de investimentos e atividades do setor nos próximos anos e já consta dos documentos oficiais de defesa de diversos países, inclusive no Brasil.
A mudança climática afetará também a própria capacidade operacional militar em assuntos como comunicações, eficiência de armamentos, mobilidade aérea, marítima e terrestre, entre outros itens da atividade cotidiana típica das missões de defesa, incluídas aqui as operações de defesa civil para emergências em casos de desastres ambientais, cada vez mais frequentes, intensos e imprevisíveis.
No entanto, o desafio mais importante que as mudanças climáticas vão impor aos sistemas de defesa é o aumento da ameaça às diferentes soberanias nacionais do modo como as conhecemos hoje. A pressão interna e externa, resultante dos desastres climáticos, sobre os Estados nacionais poderá ampliar conflitos entre países e a desestabilização de governos, segundo a revista Diálogos Soberania e Clima.
Os fatores envolvem a disputa por terras agricultáveis, fontes de energia, água, alimentos, locais de moradia, bem como migrações em massa, epidemias, fuga de secas, nevascas, ondas de calor ou frio e inundações, por exemplo. Tudo isso implica em deslocamentos de populações, mas também de governos, empresas e infraestruturas (e consequentemente de fronteiras…).
Nesse cenário, os principais aliados das forças armadas serão os organismos multilaterais, os órgãos de diplomacia e a sociedade civil, que funcionarão como amortecedores, negociadores e mediadores dos interesses geopolíticos sujeitos às adaptações compulsórias a uma realidade que ainda sequer conhecemos.
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