sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Super-ricos pedem para pagar mais impostos

Um grupo de mais de 250 bilionários e milionários divulgou uma carta esta semana exigindo que uma política de elite global, reunida nesta semana no Fórum Econômico Mundial de Davos, aumente os impostos sobre suas fortunas, a fim de combater as desigualdades e possibilitar melhorias nos serviços públicos de trânsito em todo o mundo.

"Estamos surpresos que vocês fracassaram em responder a uma simples pergunta que fazemos há três anos: quando vocês vão taxar a riqueza extrema? Se os representantes eleitos nas principais economias do mundo não adotarem medidas para lidar com o aumento dramático da desigualdade econômica, as consequências continuarão a ser catastróficas para a sociedade", afirma a carta aberta aos líderes mundiais.

"Nós somos as pessoas que investem em startups, moldam os mercados de ações, fazem os negócios crescerem e fomentam o crescimento econômico sustentável. Somos os que mais se beneficiam do status quo. Mas a desigualdade atingiu um ponto de inflexão, e os custos dos riscos à nossa estabilidade econômica, social e ecológica são graves, e aumentam a cada dia. Em suma, precisamos de ação já."


Os signatários da carta são pessoas ricas de 17 países, entre os quais estão a herdeira do império Disney, Abigail Disney; o ator e roteirista Simon Pegg; Valerie Rockefeller, herdeira da dinastia de sua família; Ise Bosch, neta do alemão industrial Robert Bosch e o músico e compositor Brian Eno, além do ator da série Succession , Brian Cox.

O único brasileiro na lista é João Paulo Pacífico, fundador do grupo de investimentos Gaia que hoje investe em projetos sociais e colabora com as cooperativas do Movimento dos Sem Terra (MST).

"Nosso pedido é simples. Nós, os muito ricos em nossa sociedade, queremos ser tributados por vocês. Isso não vai alterar fundamentalmente nosso padrão de vida, tampouco prejudicar nossas crianças ou afetar as economias de nossas nações. Irá transformar uma riqueza extrema e improdutiva em investimento em nosso futuro democrático comum", diz o documento.

O grupo quer entregar a carta intitulada Proud to pay ("Orgulhosos em pagar") diretamente aos líderes mundiais reunidos em Davos.

Uma pesquisa recente revelou que 74% dos super-ricos apoiam pagar mais impostos sobre suas fortunas para ajudar a combater a crise no custo de vida e melhorar os serviços públicos.

O levantamento realizado pela entidade de pesquisas Survation a pedido do grupo Patriotic Millionaires , dos Estados Unidos, entrevistou mais de 2,3 mil pessoas em 20 países que possuem cada um mais e 1 milhão de dólares (R$ 4,94 milhões) em bens de investimentos, excluindo suas próprias casas – o que os coloca entre os 5% mais ricos do mundo.

Segundo a pesquisa, 58% dos ricos apoiam a criação de uma taxa de 2% sobre os que possuem fortunas de 10 milhões de dólares, sendo que 54% acreditam que a riqueza extrema gera ameaças à democracia.

Um relatório da ONG de combate à pobreza Oxfam apresentado em Davos nesta semana revelou que a fortuna dos cinco homens mais ricos do mundo mais do que dobraram desde 2020, enquanto 5 bilhões de pessoas ficaram mais pobres.

A Oxfam International afirmou que, somadas, as fortunas das cinco pessoas mais ricas do mundo – Elon Musk (Tesla, SpaceX), Bernard Arnault (LVHM), Jeff Bezos (Amazon), Larry Ellison (Oracle) e o megainvestidor Warren Buffet – aumentaram 114 %, o que corresponde a 464 bilhões de dólares (R$ 2,26 trilhões), chegando a 869 bilhões de dólares no ano passado.

Em contrapartida, desde 2020 o poder financeiro de quase 4,77 bilhões de pessoas – ou 60% da população mundial – caiu 0,2% em termos reais. Segundo a entidade, seriam precisos 229 anos para erradicar a pobreza no nível global.

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