quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Todos os homens de Bolsonaro

Para quem passou quatro anos circulando alegremente dos quartéis aos porões e vice-versa, os militares do governo Bolsonaro converteram-se ao mais pávido silêncio. Estão todos submersos, respirando por canudinho, de modo a que nem a menor marola chame a atenção para seus nomes na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. Mas em vão. Em algum momento, terão de voltar à tona e responder por suas intimidades com o capitão.


Será fascinante ouvir os generais que se dedicaram a tentar desmoralizar o processo eleitoral acusando um suposto "código malicioso" nas urnas eletrônicas —naturalmente, só as que contivessem votos contra Bolsonaro. Eles são o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, canino inimigo do TSE e que, em seus últimos minutos no cargo, desmontou o GSI, tornando possível o 8/1; o ex-secretário-geral da Presidência Luiz Fernando Ramos, com suas solertes ameaças do tipo "Não estiquem a corda..."; e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, gentil anfitrião em seu gabinete de Walter Delgatti, o hacker de Araraquara.

No caso das joias, temos o almirante Bento Albuquerque, ex-ministro das Minas e Energia, para quem o ingresso das pedras preciosas de Bolsonaro no país estava sob sua jurisdição — afinal, cuidava dos minérios, não?; o contra-almirante José Roberto Bueno Jr., que, para justificar a patente, foi contra a apreensão das joias pela Receita em Guarulhos; e o coronel da reserva Marcelo Costa Câmara, zeloso guardião do acervo de Bolsonaro.

Haverá também muito a ouvir do general Braga Netto, ex-chefe da Casa Civil e, pelo visto, especialista em coletes à prova de balas superfaturados, e do inesquecível general Eduardo Pazuello, nem que seja por deixar que sua pança fosse jocosamente afagada por Bolsonaro.

Tão valentes no poder, estão hoje trêmulos e mudos. Mas terão de criar coragem e se explicar.

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