quinta-feira, 17 de agosto de 2023

República da Muamba e dos Camelôs está cada vez mais com medo

O que foi pior para os envolvidos no roubo das joias do Estado brasileiro vendidas no exterior para enriquecer ainda mais o ex-presidente Jair Bolsonaro, e recompradas para tentar salvá-lo da acusação por mais um crime?

O pior foi a confissão do muambeiro assumido Frederick Wasseff, ou Wasséfalo, como passou a ser chamado o estridente advogado de Bolsonaro e dos seus filhos? Ou pior foi a incisiva entrevista concedida pelo novo advogado do tenente-coronel Mauro Cid?

Wasséfalo tentou explicar sua participação no episódio amplamente documentado pela Polícia Federal – e deu-se mal. E deixou em maus lençóis os que imaginavam até outro dia que dormiam em berço esplêndido, a salvo de processos e de prisão.


Em nota distribuída no domingo, primeiro Wasséfalo disse:

“Nunca vendi joia, ofereci ou tive posse. Nunca participei de nenhuma tratativa, e nem auxiliei nenhuma venda, nem de forma direta ou indireta. Jamais participei e ajudei de qualquer forma qualquer pessoa a realizar nenhuma negociação ou venda”.

Segundo, no mesmo dia, ele acrescentou:

“Nunca vi esse relógio. Nunca vi joia nenhuma”.


Na terça-feira, confessou ter comprado por 49 mil dólares o Rolex de Bolsonaro que fora vendido em Nova Iorque:

“Usei do meu dinheiro para pagar o relógio. O meu objetivo, quando comprei o relógio, era cumprir a decisão do Tribunal de Contas da União”.

Não foi porque o tribunal ordenou a devolução das joias que Wasséfalo, com dinheiro do próprio bolso (é o que ele diz), recomprou o relógio. Foi para inocentar Bolsonaro no caso de roubo. Wassélo, portanto, mentiu novamente.

Há anos, teve a cara de pau de afirmar que Bolsonaro não sabia que ele escondia em sua casa Fabrício Queiroz, gerente da rachadinha. A Bolsonaro, não faltou cara de pau para dizer que desconhecia o paradeiro de Queiroz, procurado pela polícia.

O segundo abalo sofrido pela República da Muamba e dos Camelôs deveu-se a Cezar Bitencourt, recém-contratado para defender Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Bittencourt disse que seu cliente era apenas um assessor e cumpria ordens:

“Não sei se Jair Bolsonaro tinha, por exemplo, um vice-presidente, um secretário, um ministro que dava essas ordens. Temos que verificar de quem vinham essas ordens que eram dadas a Mauro Cid”.

Sobre uma eventual delação do militar, o advogado respondeu:

“Não está no nosso horizonte”.

Mas se ela se tornar necessária para tirar Mauro Cid da prisão? O advogado respondeu:

“[Nesse caso] vamos conversar”.

Uma delação de Mauro Cid detonaria de vez a República da Muamba e dos Camelôs e mandaria para a cadeia os golpistas do 8 de janeiro.

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