Mesmo pagando as assinaturas – caríssimas – das bases de dados que são usadas pelas bibliotecas universitárias, é óbvio que não cobrem nem uma pequena percentagem dos documentos existentes. E mesmo a totalidade desses documentos também não cobre senão uma pequena percentagem da realidade estudável.
Só no meu escritório, com os dicionários que tenho, sou capaz de encontrar 20 vezes mais informações sobre palavras e ideias do que encontro online, pelo simples facto de quase nenhuns dos livros estar digitalmente disponível.
É sempre preciso ir às bibliotecas, mas não é só pelos livros: é para perceber a escala, para ganhar humildade, mas também companhia. É para descobrir não só o tamanho do que não se sabe, mas a excitação de poder saber, de estar no sítio certo.
Antes, os ignorantes não tinham conforto. O conselho que seguiam era bom: se não sabes, mais vale ficar calado. Assim, pode haver quem pense que sabes. Mas, se abrires a boca, passam a ter a certeza de que não sabes.
Agora, o conforto dos ignorantes é a ideia que têm a sabedoria no bolso. Não só não é preciso saber, como já não vale a pena. Se quiser saber qualquer coisa, é só fazer uma busquinha, e a busquinha vomita tudo o que há para saber.
O resultado é desastroso: a Internet apaga o que não contém. Vai-se à procura de pessoas importantes e conhecidas que nasceram há apenas cem anos, e não há nada sobre elas. Então conclui-se estupidamente: é porque não existem, ou porque não tiveram importância.
Em contrapartida, vejam-se as pessoas que enchem a Internet. Essas, sim, são muito importantes e merecem ser lembradas para todo o sempre.
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