sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Ufa! Ou... o valor dos símbolos

Eu sei: já é quinta-feira e a posse foi no domingo, quase uma vida atrás. Mas vou falar da posse mesmo assim, porque há muito tempo eu não via uma cerimônia cívica tão bonita e tão carregada de símbolos positivos. Nós estávamos muito precisados disso, de beleza e de uma simbologia representativa do que temos de bom, do lado melhor da nossa natureza.

Foi exaustivo passar quatro anos sob peso de rancor e ressentimento, exprimidos em mãos fazendo arminhas, em motociatas intermináveis e naquele profundo desprezo a qualquer forma de gentileza, de educação e de diversidade.


Na vida pública tudo é símbolo, e foi uma alegria imensa rever o Brasil simbólico de que tanto gostamos subindo a rampa numa celebração de cores; foi um alívio ver seres verdadeiramente humanos em desfile, na companhia triunfal de Resistência, a Primeira Cã.

O ar está mais leve, respiramos melhor.
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Por falar em símbolos — tenho duas lembranças marcantes da posse de 2019: a presença imprópria do 02 sentado no capô do Rolls-Royce e a presença suave da primeira dama fazendo um discurso em libras. Um símbolo de psicopatia contrapondo-se a um símbolo de afabilidade, fato e fake na mesma medida.

Que pesadelo.

E que diferença para o Rolls-Royce de 2023, com dois antigos rivais lado a lado, sorridentes, unidos num ideal comum.
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A ausência do cramulhão permitiu o melhor da festa. Janja encontrou a receita do verdadeiro significado da subida da rampa, aquela que, uma vez vista, parece óbvia. É claro que tem que ser assim, um grupo, a sociedade representada em sua ampla pluralidade.

Haverá tantas combinações possíveis quantas cabeças se dedicarem a pensar no assunto, mas é isso, um conjunto de pessoas, e não aqueles casais solitários, raramente à vontade, em que ela poucas vezes foi mais do que uma sombra.
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Não tenho dúvidas de que vamos passar muita raiva com Lula e vamos nos desesperar com incontáveis problemas do novo governo; para já, é duro ter que aceitar uma ministra envolvida com milicianos, completamente estranha à pasta e que, ainda por cima, se nomeia “Daniela do Waguinho” em pleno ano de 2023.

(Ou Turismo é um assunto importante e como tal teria que ser tratado, ou não tem importância nenhuma — e, nesse caso, nem precisaria de ministério. Do jeito que ficou é uma ofensa a quem leva a área a sério.)

Ainda assim, daqui para a frente pisaremos no terreno da Democracia, e não na zona minada do golpismo latente, na região patológica de uma perversidade indefinível.

A profunda felicidade que sentimos com a posse não foi necessariamente por Lula, mas pelo Livramento.
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Quem não acompanha os movimentos de proteção animal talvez não faça ideia da importância da presença de Resistência na posse. Resistência, a Primeira Cã, apareceu no acampamento em frente à Polícia Federal de Curitiba, e passou a dar plantão com a militância. Quando Lula e Janja se casaram, a levaram consigo. Vários recados importantes subiram a rampa nas suas quatro patinhas, sendo o principal deles o de que os animais fazem parte indissociável das nossas vidas e merecem todo o respeito.

As redes sociais festejaram.

— Ela é o segundo animal a subir a rampa!

— É, mas ela está com todas as vacinas em dia.

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