Perdeu-se a perspectiva de que sair da pobreza é menos aumentar um pouco a renda do que dispor de acesso aos bens e serviços essenciais: segurança alimentar, escola com qualidade, moradia com água potável, esgoto e coleta de lixo, atendimento médico, transporte coletivo de qualidade e um nível básico de renda. Há quase 100 anos, os economistas prometem que tudo isto chegará com o crescimento econômico, emprego e renda, e nunca chega, porque o acesso no mercado aos itens essenciais só é possível por pessoas de renda alta, para a maior parte das pessoas com renda baixa, este acesso só é possível se disponíveis publicamente.
Os economistas afirmam também que o enriquecimento se define pelo aumento da renda dos que já são ricos, esquecendo que a riqueza deve significar também: andar nas ruas sem medo de violência, viver sem necessidade da prisão em condomínios, ir a um restaurante sem constrangimento de pedintes na porta, ou da lembrança dos milhões de famintos ao redor, viajar ao exterior sem ser visto como beneficiado da concentração de renda em seu país, saber que seus filhos não precisarão emigrar para sobreviverem em paz e com emprego. Sobretudo, enriquecer é viver em um país onde todos desempobreceram.
O presidente Lula parece ter consciência desta visão não economicista de riqueza e pobreza. Mas consciente de que é preciso uma economia eficiente, para oferecer serviços públicos a todos. Sabe também que a inflação empobrece aos pobres e barra o enriquecimento da economia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário