quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Ah, se o Nordeste não fosse tão atrasado. Bolsonaro teria vencido

Nunca antes na história deste país, quem chegou ao segundo turno atrás virou a eleição. Quer dizer o quê? Apenas isso. Não é nada, não é nada, pode acontecer que a regra se mantenha e Bolsonaro perca, ou que pela primeira vez a regra seja ignorada e ele vença.

Faltou 1,6% de votos válidos para que Lula se elegesse. Significa… Significa que faltaram 1.800 mil votos. Para Bolsonaro, faltaram mais de 8 milhões. Cresceu o percentual dos eleitores que não votaram. E o prejuízo foi maior para Lula do que para Bolsonaro.


Bolsonaro começou a ensaiar explicações para sua derrota no primeiro turno. A primeira: os nordestinos são analfabetos. No Nordeste, ele perdeu por uma diferença de 12,9 milhões de votos. Omitiu, porém, que ali teve mais votos do que em 2018.

Os nordestinos se tornaram alvos de ataques xenofóbicos nas redes sociais. Em sua maioria, as mensagens são de perfis de apoiadores de Bolsonaro. Algumas delas sugerem que o governo deixe os nordestinos na miséria e passando fome.

A esse ponto, Bolsonaro não chegou na live que fez. Ele preferiu culpar as administrações do PT pela situação do Nordeste:

“Não é só a taxa de analfabetismo alta o mais grave nesses estados. Outros dados econômicos também são inferiores. […] Onde a esquerda entra, leva o analfabetismo, a falta de cultura, o desemprego, a falta de esperança. É assim que age a esquerda”.

Segunda explicação de Bolsonaro para sua derrota: a apuração dos votos teve “alguns problemas”. Não apontou quais. O Tribunal Superior Eleitoral não viu problemas, nem o Tribunal de Contas da União, nem os militares, nem os observadores internacionais.

Bolsonaro disse ter visto semelhanças da evolução da apuração destas eleições com a disputa entre Dilma (PT) e Aécio Neves (PSDB). Em 2014, Aécio saiu na frente e Dilma o superou depois. Agora, foi Bolsonaro que saiu na frente e acabou atropelado.

Quer dizer o quê? Num caso como no outro, a apuração foi mais rápida em regiões onde Aécio, em 2014, e Bolsonaro, este ano, conseguiram mais votos. E foi mais lenta em regiões onde Haddad e Lula conseguiram mais. Elementar, não lhes parece?

Em uma eleição, tudo se resume a isto: ganha quem atrai mais votos, perde quem atrai menos. O mais, como sempre, é choro de perdedor, temeroso em colher mais uma derrota. A mais nova pesquisa do Ipec aumentou a preocupação de Bolsonaro.

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