A luz da insegurança alimentar voltou a piscar intensamente no painel de controle do Brasil no governo de Dilma Rousseff, que afundou o país numa recessão monumental. Hoje, potencializada pela pandemia, a fome ajuda a realçar a falta que faz um presidente da República.
Com a geladeira do Alvorada abarrotada de todas as iguarias que o déficit público pode pagar, Bolsonaro costuma se vangloriar da condição ostentada pelo Brasil de potência mundial na produção de alimentos. E não consegue enxergar a pobreza que viceja ao redor.
"Nós alimentamos mais de 1 bilhão de pessoas mundo afora", diz o inquilino dos palácios de Brasília. "Damos garantia alimentar para nós e para grande parte da população mundial", vocifera Bolsonaro.
O estudo que traz à luz a estarrecedora informação segundo a qual o número de famintos no Brasil quase que dobrou em dois anos, chegando à devastadora marca de 33,1 milhões de bocas mal nutridas, revela que o pior tipo de cego é o governante que não quer ouvir os lamentos pronunciados na fila do osso e nas caçambas de lixo dos supermercados.
Bem alimentado, Bolsonaro deu nova evidência de sua inanição mental numa entrevista ao SBT, nesta terça-feira. Ele falava sobre o risco de faltar óleo diesel no país. Olhando fixamente para a entrevistadora, sapecou:
"Vou falar um absurdo para você aqui. Podemos partir para o escambo, a troca. Tem país que refina petróleo e tem diesel em abundância, nós temos alimentos. Os dois são importantes. Mas a comida é mais importante"
Do modo como se expressa, o presidente parece acreditar nos seus próprios absurdos. O descompromisso de Bolsonaro levou seu governo a asfixiar programas como o Alimenta Brasil, criado para comprar a produção da agricultura familiar e doar alimentos para pessoas em situação de insegurança alimentar. Para Bolsonaro, não há fome no Brasil.
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