Imagine, por exemplo, a frustração da torcida do ‘Estado mínimo’, que só herdou incertezas e a desconfiança internacional. Nenhuma reforma neoliberal (administrativa, fiscal ou trabalhista) lhe foi entregue. A Petrobrás, Banco do Brasil e outras joias da coroa continuam estatais.
Por sua vez, a velha-guarda desenvolvimentista não recuperou espaço e influência na gestão pública nem na política econômica. Não demorou para que vissem o “Brasil Acima de Todos” ficar abaixo do “orçamento secreto acima de tudo”.
Também foram surpreendidos os entusiastas de Floriano e de sua ‘República sem democracia’. Sairão desgastados, sem ter visto ordem nem progresso, mas o samba já havia alertado: “não adianta estar no mais alto degrau da fama, com a moral toda enterrada na lama”.
Quem quiser revisitar o caminho que nos trouxe aqui, basta dar uma olhada nas eleições de 2018 (passionais e marcadas pela rejeição dos principais candidatos). Nesses casos, geralmente vence aquele que convencer o eleitor de que ‘não é o outro’.
Dito e feito, venceu quem personificou o herói que selaria o degredo do PT (e nada mais). Para agradar a todos, criou-se um enredo repleto de visões discrepantes de Estado, economia e sociedade.
Expectativas tão difusas, vindas de tantos setores, que seria inviável concretizá-las. Deu tão errado que sequer seu objetivo comum foi alcançado (Lula volta a assombrá-los em 2022, no estilo Conde de Monte Cristo).
No campo administrativo, se o time que subiu a rampa trazia na mala algum modelo de gestão, ninguém viu. A máquina federal só funcionou graças ao piloto automático de sempre (os funcionários concursados).
Sem noção de como governar uma das principais Economias do mundo (com 200 milhões de habitantes e complexidade continental), a demolição tomou o lugar da construção, encarnando o status de obra em si. O que passou ao alcance da caneta foi sumariamente desmontado, sem nenhum plano para o dia seguinte.
Com dificuldade de interpretar o mundo real, o Palácio isolou-se com caçadores de bruxas e mercenários, precarizando a qualidade do diálogo interno e externo (nem os pretendentes iniciais a grão-vizir aguentaram).
Para o povo, sobrou pandemia, desemprego e inflação. A Saúde e a Economia não contaram com instrumentos federais para mitigar e controlar do impacto das crises mundiais.
Ao final, só os descuidistas que frequentam os corredores mal iluminados terão obtido algum proveito ligeiro, passando boiadas às custas da Soberania e da justiça social.
A Ilha da Vera Cruz não resistirá a mais improviso. Nas eleições deste ano tem que haver projeto de País, visão de Estado e programa de Governo, sob risco de mais adiante o Noblat precisar publicar “O Futuro Que Não Houve”.
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