terça-feira, 15 de março de 2022

São crimes de antibrasileirismo

Todas as propostas que partem de Bolsonaro ou mobilizam o seu empenho têm alguma ordinarice, de seu interesse pessoal, como motivação básica. Nem por isso a conduta por ele imposta à Presidência é o que mais compromete o futuro do Brasil como país —no conceito do mundo e no seu próprio sentimento de país envergonhado.

A aceitação da tragédia nacional pela quase total coletividade dos influentes, civis e militares, é ela mesma uma tragédia maior, por sua propagação incorrigível no futuro.


Tornar legal o garimpo em terras indígenas e a liberação prática do desmatamento são favorecimentos diretos às milícias criminais, que invadem as áreas preservadas, e ao empresariado que toma áreas imensas para plantio de soja ou criação de gado.

A imobilização do Ibama, da Funai e de tantas outras entidades de controle e estudo foi a preparação, iniciada já pela súcia dos dirigentes nomeados, para o que agora o governo e os mercenários da Câmara procuram oficializar.

Entraram na fase culminante do Plano Pró-Milícias, favorecida pelos desvios de atenção e apressada pelo risco de derrota eleitoral.

Bolsonaro e os deputados mercenários sob o domínio de Arthur Lira compõem uma espécie de milícia especializada em política como negócio imoral. Fizeram aprovar a urgência para o projeto da mineração homicida, a meio da semana, em deboche ao protesto de cantores e atores liderado, diante e dentro do Congresso, por Caetano (Caetano Velloso é músico, poeta e escritor, Caetano, só Caetano, é uma bandeira).

Mas, sobretudo, com isso os mercenários advertiram a população: “Não se metam nos nossos negócios, fazemos o que nos dê vantagens”. É isso mesmo.

A propósito, nunca se saberá o quanto custa a liberação, que Arthur Lira empurra na Câmara, para 69 cassinos, 6.000 bingos e 300 bicheiros empresariais.

No governo Figueiredo, o lobista que vinha tentar tal liberação era um general americano, reformado para presidir cassino de Las Vegas. Seu representante permanente aqui era o então deputado Amaral Neto, que organizava expedições remuneradas para cassinos nos EUA e no Uruguai.

O lobista de agora é também frequentador sistemático de Brasília, onde esteve pouco antes de aparecer o atual projeto. Só uma notinha, bem discreta, registrou essa estada profícua.

Assim como a defesa de Bolsonaro para entregar as terras indígenas a milícias e ao contrabando, a defesa dos cassinos e da jogatina é mentirosa. O potássio para suprir a falta do produto russo não está na Amazônia, onde é pouco e de difícil extração. Está em Sergipe, Minas e São Paulo.

O jogo clandestino não acabará, porque seus controladores não têm com que construir cassinos reais. E os impostos não resolverão nada: mesmo nas contas oníricas do relator Felipe Carreras, do PSB de Pernambuco, mal passam de insignificantes R$ 4,5 bi.

No pequeno varejo não é diferente. “Cancún em Angra”, onde Bolsonaro tem casa; fim das multas eletrônicas nas estradas, onde Bolsonaro é recordista na Rio-Angra; fim do imposto de importação de jet-ski enfiado em dispensa, também malandra, para “veículos aéreos sem propulsão a motor”; e por aí vai, a exemplo do gasto de R$ 1,5 milhão por dia no cartão de crédito da Presidência, durante férias em dependência militar.

O empresariado influente, que financia coisas como o MBL fundado pelo marginal Arthur do Val, preocupa-se é com o sério Stedile do MST em possível governo petista; e com hipotética relação de Lula e Maduro, ao qual Joe Biden recorre em um espetáculo de cinismo só igualado por ele mesmo, com sua corrida ao Irã.

São muitas as formas de milícias. Com meios e áreas diversos. Mas convergentes no alvo, na conivência e no ganho.

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