Jair Bolsonaro ultrapassou todos os limites quando disse em uma live no Facebook na última quinta-feira que “relatórios oficiais do governo do Reino Unido” sugeririam “que os totalmente vacinados estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida” (Aids). A afirmação, obviamente, é falsa, além de completamente absurda.
A postagem no Facebook foi removida no domingo e, na segunda-feira, o YouTube também a removeu — nos dois casos por violarem as políticas das plataformas sobre Covid-19. O Twitter optou por apenas rotular o tuíte que apontava para o vídeo com um alerta de que contém “informações enganosas”.
As medidas são completamente insuficientes dada a gravidade do caso e o histórico do presidente de violação das diretrizes das plataformas. Está na hora de considerarmos seriamente a desplataformização de Bolsonaro: seu banimento das redes sociais.
A postagem no Facebook foi removida no domingo e, na segunda-feira, o YouTube também a removeu — nos dois casos por violarem as políticas das plataformas sobre Covid-19. O Twitter optou por apenas rotular o tuíte que apontava para o vídeo com um alerta de que contém “informações enganosas”.
As medidas são completamente insuficientes dada a gravidade do caso e o histórico do presidente de violação das diretrizes das plataformas. Está na hora de considerarmos seriamente a desplataformização de Bolsonaro: seu banimento das redes sociais.
Não é a primeira vez que ele tem uma postagem removida nas plataformas. Depois que o YouTube atualizou suas políticas sobre Covid-19, Bolsonaro teve pelo menos 15 vídeos antigos removidos. No Twitter, o presidente teve uma postagem sobre o tratamento precoce rotulada em janeiro e dois vídeos contrários ao distanciamento social apagados em março de 2020.
No Facebook, Bolsonaro teve apenas uma postagem apagada (em março de 2020), mas um levantamento da agência Lupa, de fact-checking, realizado em março de 2021, mostrou que o presidente violou as diretrizes do Facebook para a Covid-19 pelo menos 29 vezes, não sendo punido por nenhuma delas.
A empresa sofre neste momento intenso escrutínio nos Estados Unidos por isentar certas personalidades da aplicação de suas políticas e por não ter agido adequadamente na crise de confiança no sistema eleitoral que levou à invasão do Congresso americano em janeiro deste ano.
O Facebook não tem uma aplicação consistente das suas regras, como o levantamento da Lupa mostrou. Além disso, a plataforma não tem uma escala de punição, proporcional à reincidência (como tem o Youtube) ou à gravidade da infração.
Bolsonaro não é apenas reincidente, mas um reincidente em série: ele violou as diretrizes do Facebook dezenas de vezes. Além disso, uma postagem de um usuário com poucos seguidores não pode ser tratada da mesma forma que a de um grande influenciador, já que o dano neste último caso é muito maior. Pelos mesmos motivos, um cidadão comum não pode ser tratado como uma autoridade, cuja manifestação muitas vezes tem o sentido de uma recomendação endossada pelo poder público.
Bolsonaro é reincidente em série, é um influenciador com 14,5 milhões de seguidores e é o presidente da República. Se uma postagem completamente absurda de uma autoridade pública instando a população a não tomar vacina em meio a uma pandemia com 600 mil mortos não é motivo para a punição mais dura, eu me pergunto em que caso então o banimento deveria ser aplicado.
O banimento não pode ser um ato discricionário tomado de maneira arbitrária, no auge de uma crise e apenas aplicado a uma autoridade quando ela está prestes a perder o poder, como aconteceu com Donald Trump.
É preciso que as plataformas apliquem as políticas existentes de maneira firme e crescente. Se as violações persistirem com gravidade e de forma reiterada, elas precisam culminar com o banimento do presidente das plataformas. Isso já deveria ter acontecido. As empresas não podem esperar o momento em que tenhamos a nossa própria invasão do Congresso para agir.
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