No momento, convivemos com os dois. Direta ou indiretamente, contribuímos para a existência de ambos. Seres humanos, exaurimos a terra e a natureza ao ponto de perdermos o controle sobre o que seria evitável, curável ou remediável.
Brasileiros, eleitores, demos poder a um peste. Ruim de tudo – de sentimento, de palavras, de conhecimento, de comportamento. Péssimo sujeito a quem, pelo voto, nos sujeitamos.
Quem elegeu presidente o Jair, que até pra sindico seria temerário? Não foram os 20% que, orgulhosamente, têm nele seu igual, seu representante, seu mito. Foram outros muitos tantos, que tamparam o nariz e cravaram 17 na urna eletrônica. Essa que, agora, tentam salvar da pestilência do peste.
Hoje, esses e nós – os que conheciam, temiam e não votaram no peste – vamos, talvez, encarar, nas fuças, carros blindados, aeronaves, lançadores de mísseis e foguetes. Serão, prometem, 150 veículos militares passeando pela Esplanada dos Ministérios, por ordem de Jair.
Não é parada de 7 de setembro. É só 10 de agosto. O dia em que deputados, em plenário, decidem entre o mimeógrafo e o smartfone. Digo, entre a urna eletrônica e o voto impresso.
Com o bonde da força armada, Jair faz sua cena da semana. Mais uma.
O peste quer mostrar que tem mais do que seus motoqueiros, devidamente bem armados, na tarefa de segurar o traseiro na cadeira presidencial. Dia sim outro também, Jair ameaça desembainhar espadas das Forças Armadas e, com elas, sapatear fora das quatro linhas da Constituição em vigor. A tal que, em 2019, jurou respeitar.
Como chegamos a isso? Em que país dos democráticos um PR chama de FDP um ministro de Corte Suprema? Aqui. E, votando, chegamos a tanto.
Voto errado! Concedem hoje os isentões. Os tais que, em 2018, votariam no próprio demônio contra o PT – “a esquerda que saqueou o país”. Fi-lo porque qui-lo, diria Jânio, o da vassoura que empoeirou o país de desgraças.
Pois então. Deliberadamente, fecharam com o peste dos infernos. Agora, lamentam a vida infernizada, confiança e esperança saqueadas diariamente. Fardo pesado que, graças à turma da coluna do meio, carregamos todos.
O Brasil não merece isso.
Como assim, não merece?
Quem põe canga em burro indomado espera montar pra passeio tranquilo?
Ninguém foi isento ao votar no Jair. Há os que o queriam e o querem como herói. E os que quiseram derrotar o PT, mudar a maneira de conduzir o país. Apostaram no peste querendo acreditar que davam a cadeira de presidente a um pândego domável pelo Mercado, pelas Instituições democráticas.
O Mercado não é gente, não tem alma, nem ideologia ou responsabilidade. Compromisso? Só com a Bolsa. As Instituições democráticas padecem achincalhadas pelo capitão sem farda, armado até os dentes de maus propósitos.
Dá até para fazer piada com a desgraceira advinda do Jair e sua tropa. Não dá para ignorar a ameaça. Pelo nosso histórico golpista, não dá para não temer coisa pior.
Não há inocentes entre os que deram ao Jair 57,7 milhões de votos, 55% dos votos validos. Voto tem consequência e preço. E a conta alta, infelizmente, cai sobre nós todos.
Dá uma olhada em volta. Veja o país desmoronando. Veja a população de rua, crescente. Gente de mãos vazias e olhos tristes, desumanizados. O gás a 100, gasolina a mais de 6 reais… Até junho/21, registrava o IBGE, a inflação acumulada bateu 8,35%. **
E ainda tem A peste, a pandemia. Mais de 550 mil mortos. Ainda não somamos os órfãos.
Tá osso! E, descontando o gado, os minions, há muitas responsabilidades a serem admitidas e assumidas. Quem sabe, devidamente, processadas, possam fortalecer corrente capaz de conter, manter Jair, O peste, restrito ao quadradinho de seu inferno pessoal.
**Em 12 meses, a inflação na feira.
Óleo de Soja: 83,79
Feijão fradinho: 48,19%
Arroz: 46,21%
Músculo: 46,06%
Acém: 40,11%
Repolho: 38,59%
Carne de porco: 32,65%
Salsicha em conserva: 30,45%
Gás veicular: 30,03%
Açúcar cristal: 28,38%
Linguiça: 24,90%
Alface: 24,66%
Mandioca (aipim): 24,32%
Feijão-preto: 22,92%
Fubá de milho: 22,01%
Leite condensado: 21,26%
Fígado: 20,91%
Sardinha em conserva: 20,59%
Margarina: 20,03%
Gasolina: 42,21%
Gás de botijão: 24,25%
Óleo diesel: 40,74%
Etanol: 59,61% (subiu de novo hoje)
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