A estratégia consiste em se apropriar das bandeiras, verbais ou simbólicas, do adversário. Começa pelo sequestro do conceito de democracia, que passa a ser de seu uso exclusivo. Qualquer tentativa de enquadrá-los na lei maior, a Constituição, é chamada de tentativa de ditadura —embora esta lhes sirva muito bem para definir os governos torturadores que defendem. Como a democracia é, por definição, um regime que assiste com notável tolerância a que se trame a sua própria destruição, eles dispõem de tempo e espaço para trabalhar.
A corrupção conceitual se estende à liberdade de expressão. Abusam do direito de exercê-la, mas processam e ameaçam quem faz o mesmo com eles e, se chamados a responder por seus excessos, correm cinicamente para trás do biombo jurídico. Essa é a mais perigosa das apropriações: a da Justiça —porque costurada por dentro, em silêncio, e, quando se torna evidente, como agora, já pode ser tarde demais.
Conceitos como “Deus”, “pátria”, “família”, “povo” e “homem de bem” também se tornam de sua propriedade, para maquiar práticas sabidamente canalhas.
E há o mais simbólico e ostensivo dos sequestros: o das cores nacionais. Elas se tornam seu monopólio e são esfregadas no nosso nariz. O Brasil precisa retomar o verde-amarelo. Mas, antes, terá de purgá-lo com o preto e o cinza, cores do luto. Por acaso, vem aí um 7 de Setembro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário