Incomodado com o surgimento de fardas ineptas ou com fins lucrativos, o presidente da CPI, Omar Aziz, lastimou: "Os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo."
Abespinhados, o Ministério da Defesa e os comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica disseram que Aziz atacou as Forças Armadas de forma "vil", "leviana", "infundada" e, sobretudo, "irresponsável". Em nota oficial, a cúpula militar escreveu: "As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano..." A resposta é tardia, desonesta e presunçosa.
A reação chega tarde porque o silêncio das Forças Armadas diante da perversão já havia consolidado a sensação de cumplicidade com oficiais que grudaram na farda um código de barras. É desonesta porque desconsidera o apreço de Aziz pelo pedaço limpo das forças militares. "Quando a gente fala de alguns oficiais do Exército, é lógico, nós não estamos generalizando", declarou o senador. "De forma nenhuma, nós estamos entrando aqui no mérito que as Forças Armadas têm", acrescentou.
A nota da cúpula militar é presunçosa porque ameaça o Legislativo —"As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano..."— no pressuposto de que a democracia brasileira aceitaria desaforos. O presidente da CPI foi a tréplica: "Pode fazer 50 notas contra mim, não me intimida." O que farão agora os comandantes militares?
Não podendo estacionar seus tanques na entrada do Congresso, fariam um bem a si mesmos e às corporações que representam se utilizassem sua ira para condenar quem enlameia a farda. A alternativa seria aderir à retórica do capitão, que chama os rivais da CPI de "pilantras", "patifes", "picaretas".
Depois, bastaria pendurar uma placa na entrada dos quarteis: "Diretório do PMB, Partido dos Militares do Bolsonaro". Não resolveria o problema. Mas diminuiria a taxa de cinismo.
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