A questão é simples. O aquecimento global devido à emissão de CO2 elevou a temperatura do planeta em 1º C nos últimos 100 anos, e deve elevar em mais 2º C a 6º C até o final deste século. Hoje, 90% da população mundial respira ar com poluentes. O nível do mar deverá subir em até ½ metro até 2.100. A queda na produção agrícola deverá ser de 10% a 25% até 2.050. As reservas comprovadas de petróleo são suficientes para os próximos 50 anos, 150 anos no total incluindo as reservas estimadas. A crise ambiental se aproxima com velocidade e em escala global, gerando desafios para a humanidade. Não é por nada que Biden propôs o equilíbrio nas emissões de gases pelos países para até 2050. A crise do meio ambiente será pior do que as guerras e pandemias pregressas, uma vez que seus efeitos são crescentes e irreversíveis a curto e médio prazo.
Na América do Sul, existem duas áreas de importância estratégica para o mundo atual e futuro. Os campos de petróleo da Venezuela, como maior reserva de óleo mundial, e a bacia amazônica, como a maior reserva florestal do mundo, com 15% da água potável e responsável pela renovação de cerca de 5% do oxigênio do planeta. A Floresta Amazônica decresceu em 13% entre 1985 e 2018. A Amazônia tem sido gradativamente devastada, de modo ainda mais acentuada com Bolsonaro e Ricardo Salles, com políticas de desregulamentação e diminuição da fiscalização do meio ambiente. De Agosto de 2019 a Julho de 2020, o desmatamento da Amazônia cresceu 37% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
O Brasil não tem como escapar da responsabilidade que lhe é hoje atribuída em relação à floresta amazônica e ao meio ambiente mundial. O argumento do nosso direito à soberania nacional e de que os países da Europa e Estados Unidos anteriormente esgotaram suas reservas florestais, daí nossa autonomia, não se sustenta, vez que a premência mundial é atual e assim vão agir os atores políticos de forma determinante nas relações internacionais por vir.
Em pesquisa mundial da Sensus, 69,3% da população mundial dá suporte à preservação da Amazônia através de organismos e contribuições internacionais, somente 21,3% atribuindo ao Brasil o direito ou a responsabilidade única de sua conservação. A Região Amazônica, com cerca de 8% da população nacional, certamente deverá ser desenvolvida em consonância com política para o meio ambiente, com pressão internacional crescente que há de advir.
O Brasil representa 2,7% da população e 1,6% do PIB mundial. Se o Brasil não souber dialogar, negociar, e compor a nível mundial, com possíveis benefícios para o país, não podemos descartar a possibilidade futura de alguma forma mais ou menos branda de intervencionismo ou cooperação por parte das potências mundiais, na breve e drástica história que há de se seguir.
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