A patafísica, para quem nunca ouviu falar, é uma escola filosófica entre a física e a metafísica. Ou acima ou abaixo delas, dependendo de seu estudioso estar ou não plantando bananeira. Sua lógica é a do absurdo, sua língua oficial é o nonsense e ela se diz a ciência das soluções imaginárias. Foi fundada pelo francês Alfred Jarry (1873-1907) e, por intuição, muitos já a adotaram para explicar (ou desexplicar) a vida: o tcheco Kafka, o americano Groucho Marx, o romeno Ionesco. Mas o primeiro a usá-la para fins genocidas é o brasileiro Jair Bolsonaro.
No Brasil, bem patafisicamente, o combate à Covid é a favor do vírus. Seu estrategista e líder, o dito Bolsonaro, usa sua condição de presidente da República para expor o máximo de brasileiros ao contágio, exortando-os a ir para as ruas sem máscara, aglomerando-se, arfando e cuspindo-se uns nos outros. Pregou enquanto pôde contra a vacina, sabotou sua importação, desequipou hospitais, sonegou oxigênio e, para apressar desfechos, induziu milhões —induz ainda— a tratar-se com uma droga, a cloroquina, tão eficaz contra a doença quanto o elixir paregórico.
Por tudo isso, admiro a coragem dos jogadores, comissões técnicas, auxiliares e administradores de nove países, além de seus familiares, agentes, amigos e agregados, sem falar nos jornalistas e nos funcionários e dirigentes da própria Conmebol, que virão misturar-se conosco nas ruas, nos estádios e, quem sabe, nas UTIs —se houver vagas nos hospitais, claro.
E quem sairá vencedor de uma possível e, esta, sim, patafísica Copa das Cepas —um vibrante torneio paralelo à Copa América entre as nossas variantes e as trazidas pelos visitantes?
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