Estamos iniciando o ano de 2021 com uma conta exibida todos os dias pelos meios de comunicação: cerca de 200 mil mortos pela Covid 19. Há quem duvide disso? Há, alguns abestalhados que vivem às margens da realidade.
Esse número poderia ser bem menor? Sim, se o nosso governo federal estivesse bancando, desde o início da pandemia, a luta contra o vírus. Mas o que vimos e continuamos a ver é um governo insensível à morte de milhares de brasileiros, atribuindo esse morticínio a governos estaduais, prefeitos e até ao Supremo Tribunal Federal, que delegou a Estados e Municípios o poder para organizar as ações de combate ao coronavírus.
E o que faz nosso presidente? Continua a desprezar os números e, pior, a descumprir as normas de segurança sanitária, como se viu nesta sexta ao nadar até a praia para abraçar correligionários, sem usar máscara, ou em outros termos, promovendo a desobediência civil. Até parece que Bolsonaro tem interesse na meta de o Brasil bater o recorde de mortes no mundo. A absurda hipótese abre outras ideias amalucadas: quanto mais mortos, principalmente de velhos, menor peso na balança da previdência. Assim, se a população brasileira está indo para o buraco, melhor para as contas do governo. O curioso é que as estapafúrdias hipóteses estão se espalhando sob o olhar de um entorno composto por altos perfis das Forças Armadas.
Um grupamento profissional que garante a segurança e a soberania da Nação, dessa forma, começa a ver sua imagem corroída por atos do presidente, atos que desafiam a ciência, o bom senso e os valores da dignidade, decência, zelo, disciplina e moral, inerentes aos sistemas democráticos. Há, então, alguma razão para isso? Sim, a causa se ancora no populismo, essa doença que desmantela as democracias, principalmente as latino-americanas, e que objetiva atrair para os governantes o apoio das massas, principalmente os contingentes incultos.
O pior é o que populismo, ao fim e ao cabo, acaba se tornando uma barreira ao avanço civilizatório, na medida em que a racionalidade, os bons costumes e os padrões de uma política sem ismos( caciquismo, familismo, nepotismo, grupismo, coronelismo, fisiologismo) são jogados no lixo. O resultado de todo esse processo é a corrupção, que, sob formas variadas, grassa na administração. Conclusão: o governo Bolsonaro, eleito sob a bandeira anti-corrupção, acaba ele mesmo endossando sua expansão. O fatiamento da estrutura é o preço. Triste Brasil.
2021 abre-se sob a continuidade da pandemia, cujo recrudescimento é geral em todas as regiões do país, e ainda com a imagem de um presidente que fomenta aglomerações e quebra da ordem sanitária pelos lugares que frequenta. Onde está o bom senso? Como será o terceiro ano de um governo que ostenta desprezo pela saúde dos brasileiros? Onde está o ministro da saúde, um general especializado em logística? O que dizem os oficiais renomados de nossas Forças? O sistema político cooptado não tem vergonha de ir ao balcão de recompensas? Quando teremos a vacina para imunizar pelo menos 170 milhões de brasileiros? Que imagem o Brasil construiu no mundo nesses desvairados tempos?
O governo Bolsonaro não tem mais desculpas a fazer. O Brasil espera que ele cumpra seu dever.
Gaudêncio Torquato
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