FP Rodrigues |
Em 2019, o número de assassinatos de mulheres aumentou 7,3% em comparação com 2018. Foram 1.314 homicídios – média de um a cada sete horas, três por dia, o que coloca o Brasil no quinto lugar no ranking de países que mais matam mulheres no mundo. E, infelizmente, a desorganização social provocada pela pandemia piorou ainda mais a situação. Não há números totalizados referentes a 2020 ainda, mas sabe-se que somente no primeiro semestre houve um crescimento de 2% no número de assassinatos de mulheres. Nos meses mais críticos da pandemia, entre março e abril, o número de mulheres mortas em São Paulo subiu inacreditáveis 41%.
Em quase 80% dos casos de feminicídio, os agressores são o atual ou o ex-companheiro, que não se conformam com o fim do relacionamento – e a violência acomete mulheres de todas as classes sociais, indiscriminadamente. Segundo as estatísticas, antes do crime, há episódios de intimidação moral, sofrimento psicológico, ameaças e mesmo agressões e lesões corporais. O sociólogo alemão Henning von Bargen afirma que homens que enfrentam uma crise social, cujos empregos e padrões de vida estão ameaçados, são particularmente suscetíveis à ideia de culpar as mulheres por sua própria miséria. Daí para a violência é um passo…
Não foi à toa, caríssimo(a) leitor(a) que associei Bolsonaro a Putin no primeiro parágrafo. Em 7 de fevereiro de 2017, o presidente russo promulgou lei que despenaliza a violência doméstica, sempre que o agressor não seja reincidente dentro do prazo de um ano. Ou seja, as agressões que causam dor física, mas não lesões, e deixam hematomas, arranhões e ferimentos superficiais na vítima não são consideradas mais crime lá. Só quando houver reincidência, o agressor poderá ser processado pela via penal e punido com prisão, sempre e quando a vítima conseguir comprovar os fatos. Ah, a Rússia, preocupado(a) leitor(a), a Rússia que manda foguete para o espaço, possui bomba atômica, vacina contra covid-19, etc. ocupa o quarto lugar no ranking mundial do feminicídio…
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