É inegável que as cifras oficiais estão, atualmente, muito abaixo do que sofreram sociedades mais desenvolvidas. Mas convém não esquecer que a América Latina se encontra atualmente no meio da tempestade, sem que se aviste com clareza uma mudança de tendência. O México começou nesta segunda a relaxar o distanciamento, com todos seus Estados, menos um, ainda sob máximo risco de transmissão. Seu presidente iniciou no mesmo dia suas turnês políticas, uma péssima mensagem aos cidadãos de que já se voltou asa normalidade.
O Brasil é o quarto país do mundo com mais mortes. Supera os 500.000 contágios. Apesar disso, Bolsonaro aprofunda a sabotagem contra suas próprias autoridades sanitárias, a divisão da sociedade e o desprezo às medidas de proteção, um traço especialmente cruel da sua já complicada personalidade. O Peru atravessa seus piores momentos (antes foi o Equador), a Venezuela cavalga errante nesta enésima crise, e parte da América Central a compartilha com outras epidemias conhecidas. No outro extremo, tanto a Argentina como a Colômbia – especialmente Bogotá e sua prefeita, Claudia López – reagiram de forma imediata e eficiente.
O que está por vir é preocupante: mais contágios e mais mortes, mais desemprego, mais pobreza e mais desigualdade. E provavelmente, mais instabilidade política. A infraestrutura sanitária ainda não se paralisou como ocorreu em partes da Europa ou em Nova York, mas aqui também há matizes. O sistema em seu conjunto já é tão precário que, no México, por exemplo, um número desproporcional de doentes morre sem chegar a uma UTI ou a um leito com ventilador. E a volta à normalidade parece ser uma quimera quando 20% das escolas no México não têm água potável e 45% carecem de esgoto.
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