quinta-feira, 21 de maio de 2020

O pilantra, o corrupto e o burro

Talvez o leitor mais otimista não concorde comigo, mas devo dizer que, salvo algumas exceções, há três tipos de políticos e governantes: os corruptos, os pilantras e os burros. Uso a palavra pilantra em respeito às senhoras, o correto seria um termo que envolve progenitoras e a profissão mais antiga do mundo. De qualquer maneira o PF — prato feito, é claro — da política atual se faz com os três. Eles, às vezes, se misturam: existem corruptos com pitadas de burro, assim como burros com um toque de pilantra, mas é só uma característica que traz fama ao político.

Os corruptos existem em grande número, dos mais variados tipos, mas a maior parte — por incapacidade, não por falta de vontade — fica só nas jogadas rasteiras. Só os mais espertos — por assim dizer — conseguem as grandes verbas e as comissões polpudas. São também os que percebem que se roubarem todo o dinheiro de uma vez o governo quebra e se perdem as negociatas. É a sabedoria do parasita e do sanguessuga. Também têm consciência de que, se o roubo for espalhafatoso demais acabarão, cedo ou tarde, na cadeia. Não à toa estão por aí desde sempre. Como chegam ao poder? Pagando, é claro. Com o seu dinheiro.

Já os pilantras são um grupo menor em número, porém maior na influência. São os que não têm ética alguma, prometem e não cumprem, dizem uma coisa e fazem outra e mentem, muito, sempre. Também dependem da esperteza, usada em proveito próprio para disfarçar as reais intenções. Como todos os picaretas, são simpaticíssimos e carismáticos. Alguns, de tão safados, acabam virando folclóricos e terminam a vida escrevendo livros e dando palestras. Não chegam ao poder porque, na verdade, nunca saíram dele.

Finalmente, os burros.

Sei o risco que corro ao falar mal deles, a categoria é muito unida, e o sindicato dos idiotas costuma atacar com fúria seus desafetos. No entanto, devo dizer que são os piores: o corrupto pode até trabalhar a favor do país, ainda que a sua motivação seja ter mais o que roubar. O pilantra pode, por algum interesse escuso, atuar em prol de alguma causa justa, mas o governante burro, pela sua natureza, não descansa. É obtuso 24hs por dia, sete dias por semana. Não tem férias nem dia santo. Todo dia é dia, toda hora é hora para mais uma estupidez.

Como um idiota acaba no poder, perguntará o leitor, afinal ninguém tem um currículo mais insignificante que um imbecil. Acontece que às vezes o corrupto exagera e o pilantra perde a mão. É quando o eleitor conclui que está sendo enganado. Ele grita “Basta!” e aponta para o primeiro burro que estiver passando: vamos votar naquele ali, ele nunca fez nada — os eleitores sempre têm razão —, portanto será um excelente governante.

Claro que, com sua malandragem característica, o corrupto e o pilantra enxergam no poder do burro mais uma oportunidade: podem voltar ao seu ofício sem serem incomodados, as imbecilidades e estultices proferidas e praticadas pelo burro criam tanta confusão que ninguém liga para mais nada.

Para não estragar o dia do leitor mais otimista, não vou especular sobre qual deles está no poder. Melhor brindar à vida: vai uma cloroquina aí?
Leo Aversa 

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