O primeiro é a boa e velha estratégia da “cortina de fumaça”. Com uma economia já estagnada em 2019, o impacto econômico da pandemia ameaçaria os planos de reeleição. A solução? Politizar a Covid-19. De um lado, colocam-se os que “querem trabalhar”, os “defensores da economia” e dos que “prescrevem” a cloroquina; do outro, os que “querem ficar em casa”, os “defensores da vida” e até os “céticos”, que não prescrevem cloroquina. Uma polarização perfeita que coloca a crise como responsabilidade dos outros.
Tudo isso se resume à estratégia de ampliação dos poderes do presidente em face das outras instâncias. A eleição de Bolsonaro explica-se pela polarização, e assim é o seu governo, empenhado em manter suas tropas em permanente estado de mobilização “contra o sistema”, ou seja, contra todos aqueles que discordam das posições do “chefe supremo”.
A estratégia do bolsonarismo é tudo politizar: do combate à pandemia ao desmatamento, passando pela data do Enem. Ao politizar as mortes, Bolsonaro as retira de seus ombros (“e daí?”, “não sou coveiro”).
O governo Bolsonaro não é feito para governar; é feito para implementar um programa conservador de um movimento populista autoritário, cuja lógica é o confronto. Como na anedota do sapo e do escorpião, essa é a sua natureza. Não vai mudar.
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