No Brasil, este conhecido país fora do planeta Terra, que sofre apenas uma "gripezinha", Jair Bolsonaro, sob a chancela da CBF, está "estudando" a viabilização de um parecer do Ministério da Saúde, leia-se Nelson Teich, um perito da rede privada, para liberar a volta gradual de torneios de futebol com jogos sem público. A retomada, na contramão do mundo, do qual o país está cada vez mais isolado, e concorrendo a liderar o ranking de mortos, seria motivado pelo prejuízo dos clubes: "Não tem receita, bilheteria, não tem televisão”.
A preocupação governamental com o futebol faz-nos retornar no tempo, quando na ditadura Médici, o tricolor, adorava frequentar o Maracanã. Se extasiava diante daquela multidão, como se fosse o próprio ídolo em campo. E quando se gritava gol no estádio, se berrava de dor ou morte nas celas das prisões da ditadura. O futebol e a morte estavam juntos na foto do ditador no camarote presidencial.
A motivação de um presidente para a retomada dos jogos, em plena ascensão da pandemia no Brasil, é a fotocópia daquele passado. Messias, um ex-militar expulso da corporação, repete um dos seus ídolos ditatoriais e quer o povo, mesmo apenas pela televisão, em casa, se divertindo com o futebol, enquanto agora nos hospitais doentes com coronavírus e equipes de saúde lutam pela vida sob o cutelo da morte. Em segurança no Alvorada, infestado de ratos, vibrará com as jogadas em campo como o o ex-presidente militar no Maracanã, sob o mesmo signo de morte.
Médici e Messias são a mesma face da ditadura militar ou militarizada, que pode ser de golpe ou de eleição. Ambas só tem o compromisso com a defesa armada intransigente de seus propósitos contra os "adversários", os cidadãos que lhes pagam os salários, lhes sustentam a família - e no caso de Messias há 30 anos lhes dão emprego - e não têm direito à vida mas o dever patriótico de se calar. E bater continência, claro.
Luiz Gadelha
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