De abstinência forçada sabem os jovens, privados de boas escolas, de conhecimento, de informação, tudo que uma educação decente deveria lhes oferecer e que, ao contrário se lhes rouba, além do esforço e dos projetos, na incompetência da correção de uma prova do Enem. Preencher esses vazios ajudaria, e muito, a combater a gravidez precoce, um problema de alta complexidade sobre o qual uma coisa já se sabe: proibir e culpar tem eficácia zero sobre os hormônios.
O ministro Guedes ameaçou com o imposto do pecado em que os vilões são o açúcar, o sal, o fumo e a cerveja. Da abstinência de alegrias sabem os que pecam tomando cerveja. O ministro quer, além de fazer caixa, defender a saúde. Melhor faria pela prevenção se tornasse possível uma dieta de angústias, aquelas do desemprego e da inadimplência que causam infarto e depressão. O imposto do pecado é metafórico do espírito sombrio e punitivo que paira sobre o país fazendo a vida das pessoas amarga ou, no mínimo, sem gosto.
O ex-secretário da Cultura, no espetáculo mais grotesco e vergonhoso a que um ministro já se prestou, ao som de Lohengrin, fez sua apologia nazi. Um morto vivo ameaçando com um projeto cultural saído dos escombros de Berlim 1945. Execrado, sua cabeça rolou, já o projeto, para o qual foi nomeado, ficou. Artistas estão submetidos à abstinência de cultura. Boa sorte a Regina em sua missão impossível.
Tudo isso em um país solar, a quem mestre Vinicius ensinou que é melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe. É graças a ela que os brasileiros sobrevivem ao inferno nosso de cada dia.
Vem aí o carnaval. Abstinência de sexo e cerveja? O carnaval arrasta séculos de celebração da alegria.
Falando-se em cultura, com a palavra, sem censura, a Estação Primeira.
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