Deputados e senadores ensaiaram uma temeridade. Queriam converter o fundo eleitoral de 2020 num fundão de R$ 3,8 bilhões. Houve forte reação. De olho nas redes sociais, Bolsonaro sinalizou que vetaria. A contragosto, os parlamentares recuaram. Numa sessão tumultuada, com muita lavagem de roupa suja, destinaram R$ 2 bilhões em verbas públicas para a eleição de vereadores e prefeitos.
Essa cifra de R$ 2 bilhões não caiu do céu. Constava da proposta de Orçamento da União preparada pela equipe econômica do governo para o ano que vem. Foi avalizada por Bolsonaro numa fase em que o presidente ainda estava filiado ao PSL, partido que ficará com a maior fatia do bolo: R$ 202,2 milhões pouco acima do PT, o segundo maior beneficiário, com R$ 200,6 milhões."
Agora, Bolsonaro cita o PT e o PSL para declarar: "Se quer fazer material de campanha caro, não vou ajudar." Ora, se queria uma campanha mais barata, Bolsonaro não deveria ter referendado o Orçamento que anotou R$ 2 bilhões. Essa reação tardia, que chega depois de o presidente ter deixado os quadros do PSL, soa como populismo barato de alguém que cospe num prato no qual já não pode comer. Vivo, Tancredo Neves farejaria uma reação do Congresso. E repetiria: "A esperteza, quando é muita, come o dono".
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