Não entende o papel de chefe da nação, a diversidade da população brasileira e o valor da democracia como espaço de convivência entre diferentes. Seus alvos têm um denominador comum: não são, não vivem, não pensam como ele.
Aposta em que todos aqueles que trata como adversários ou inimigos reajam no mesmo tom brutal com que são atacados, igualando-se a ele na vala comum de seus ódios e vinditas. Cenário de guerra, ideal à língua que fala e à sua estratégia de ataque às pessoas e de destruição das instituições, deixando uma terra arrasada em que a única lei seria a sua.
A coragem e dignidade que os jornalistas, que seu filho chama de canalhas, têm mantido, diz muito sobre quem somos e sobre a força de uma cidadania que não se intimida e exerce o poder do fato e do argumento contra a mentira e o baixo calão. Mas o desafio é mais amplo. Vai além da mídia. É para todos, cada vez mais numerosos, que não aceitam o deliberado e sistemático ataque à democracia: construir uma ação consistente de resistência e de esperança.
Essas palavras, resistência e esperança, vieram de Fernanda Montenegro, expoente da nossa cultura, que, com a autoridade de toda uma vida, as encarna à perfeição. Fernanda, o Brasil de que nos orgulhamos.
Desmentindo a sensação de inércia da população, a queda do índice de apoio ao presidente anuncia uma indignação que se irradia, que não tem dono, que nasce da própria democracia que, imperfeita e inacabada, é mais desejada, forte e enraizada do que creem Bolsonaro e seu clã.
Essa indignação vai formando o ruído surdo de um protesto, a massa crítica de uma rejeição que o presidente alimenta, dia a dia, com o desgosto que consegue inspirar.
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