sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Caso Bezerra cobra de Bolsonaro uma definição

Jair Bolsonaro ainda não percebeu. Mas seu governo vive um desses momentos em que o presidente precisa tomar uma decisão definitiva. O que Bolsonaro definir será o governo dele. Está em curso uma reação da velha oligarquia política contra o esforço anticorrupção deflagrado há cinco anos. Bolsonaro precisa definir de que lado vai ficar. A batida policial na residência e no gabinete do senador Fernando Bezerra, líder de Bolsonaro no Senado, é mais uma evidência de que, no momento, o presidente está do lado errado.


Vale a pena reproduzir dois comentários sintomáticos. O advogado do investigado declarou que "causa estranheza à defesa do senador Fernando Bezerra Coelho que medidas cautelares sejam decretadas em razão de fatos pretéritos [...]. A única justificativa do pedido [de busca e apreensão] seria em razão da atuação política e combativa do senador contra determinados interesses dos órgãos de persecução penal". Ou seja, Bezerra acha que a PF se vinga dele porque ele age para domar os órgãos de persecução penal.

Onyx Lorenzoni, o chefe da Casa Civil, declarou que essa "é uma situação relativa a fatos passados", quando Bezerra era "ministro de um governo anterior. Nesse momento, o que o governo tem a fazer é aguardar. É uma questão individual dele, da vida pregressa dele. Ele vai ter que esclarecer junto às autoridades", disse Onyx. Quer dizer: o Planalto avalia que, nesse momento, o melhor a fazer é lavar as mãos. Mesmo que o resto permaneça sujo.

Onde o governo vê atenuantes não há senão agravantes. Não importa saber que as embrulhadas do senador vêm de outro governo. O mau cheiro era conhecido. E ninguém foge do fedor abraçando um gambá. O pior é que Bezerra não é o único. Há na Esplanada ministros investigados. Há até um ministro condenado por improbidade. Há na casa dos Bolsonaro um filho sob suspeita de peculato e lavagem de dinheiro.

Ao lado de tudo isso há um presidente da República que precisa recitar o CPF e o RG todas as manhãs, ao fazer a barba, para se certificar de que ele é o que diz ser e não o impostor que a conjuntura desnuda.

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