O trabalho da Câmara foi encerrado às 22h desta quarta-feira. A cena final foi marcada por uma coreografia que resume bem o que se passou durante a tramitação da proposta. Formulador da reforma, o ministro Paulo Guedes, da Economia, entrou no plenário da Câmara, escalou os degraus que levam à Mesa diretora e abraçou o presidente da Casa, Rodrigo Maia, principal articulador da costura política que levou à formação da maioria reformista.
Há dois meses, irritado com mudanças que conspiravam contra sua pretensão de obter uma reforma que assegurasse a economia emblemática de pelo menos R$ 1 trilhão em dez anos, Paulo Guedes zangou-se: "Abortaram a Nova Previdência", ele disse. O abraço do ministro no presidente da Câmara foi uma espécie de reconhecimento de que o parto realizado pelos deputados terminou saindo melhor do que a encomenda — apesar do custo embutido na distribuição de emendas orçamentárias.
O patriotismo reformista custará ao Tesouro, até dezembro, algo como R$ 40 milhões por voto. Nas palavras de um dos patriotas, a verba destina-se a custear nas bases eleitorais dos parlamentares obras e projetos capazes de atenuar eventuais desgastes políticos. Considerando-se que o Congresso já foi movido a mensalões e petrolões, a relação custo-benefício é, agora, mais favorável.
Nesta quinta-feira, a emenda da reforma segue para o Senado. Começa um novo ciclo de articulações. Para não perder o hábito, Jair Bolsonaro injetou no processo um ruído indesejável: a indicação do filho Eduardo Bolsonaro para o posto de embaixador do Brasil em Washington. Quando formalizada, a escolha do Zero Três terá de ser referendada pelo Senado, em tramitação simultânea com a reforma previdenciária. Estima-se que o governo prevalecerá nos dois casos. Mas o custo deve aumentar.
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