Gostamos tanto, que a gente nem mais percebe que a gambiarra está sempre presente nas terras tropicais. Tudo é um grande improviso esperando para dar errado. E sempre dá errado. E muito. Tantas vezes que não da para dedicar um artigo semanal para comentar cada consequência grave do desleixo nacional. Pensando bem, talvez nem cobertura diárias dariam conta.
A gente inventou um dia que Deus é brasileiro e, por isso, tudo no fim daria certo. Mas Deus está tão ocupado cuidando das gambiarras nacionais que de vez em sempre estoura uma. Seja como mar de lama, deslizamento, incêndio e o que mais a nossa imaginação possa conceber.
De gambiarra em gambiarra a gente vai empilhando tragédias. Tantas que restam injustificáveis. Dolorosamente explicáveis em um país que lamentavelmente não gosta ou não exige explicação.
Em nosso desvario diário, desastres são rapidamente esquecidos e imediatamente substituídos por um desastre novinho em folha. Conversa para encher papos de boteco é que não faltam.
No meio de todo o caos, tem sempre alguma lógica. A nossa, parece ser que o Brasil é local onde a governança vem para morrer. Governança em seu sentido mais amplo, que implica na administração dos recursos sociais e econômicos visando o desenvolvimento, e a capacidade de planejar, formular e programar políticas e cumprir funções. Disso a gente consegue fazer nada.
Em matéria de boa governança, aliás, a gente faz milagres. Ou melhor, um milagre somente: consegue viver sem ela. Está ausente não importa para onde se olhe. No município, no estado, na federação, no esporte e na iniciativa privada.
Pode procurar. Governança não há. Mas tome cuidado para não tropeçar em gambiarra. Disso tem aos montes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário