Não se pode negar que a quarentena imposta à esquadra petista na articulação do bloco que fará frente ao governo Bolsonaro é justificada, ao menos em parte, pela conduta autoritária e sempre individualista demonstrada por seus líderes. O PT atuou com soberba, achando que os parceiros eram bons apenas quando o apoiavam cegamente. Da mesma maneira, vigorava o entendimento de que os únicos projetos dignos de aprovação saiam de sua lavra. Sem concessões ou abertura a sugestões dos demais. A legenda jamais fez autocrítica e agora, como diz Ciro Gomes, aliados de outrora apontam o dedo inquisidor para mostrar em praça pública que o PT não é o centro do mundo, nem o centro da política brasileira. Não merece a convivência democrática e colaborativa com os demais. Do alto de sua prepotência está sendo punido. Além do PDT, PCdoB e PSB costuram juntos uma aliança restauradora da relevância de forças que tiveram razoável vitória nas urnas. São partidos que querem se livrar da imagem de linha auxiliar dos petistas, abolir a pecha de meros “puxadinhos” manipulados pela egolatria do presidiário Lula. O PT, por sua vez, segue na tática da pregação do “quanto pior, melhor”. O plano é atravancar os trabalhos do Legislativo.
Obstruir pautas e jogar com o apoio, e os protestos, de movimentos sociais para atrasar votações. Na prática, como rotineiramente vem fazendo, o Partido dos Trabalhadores conspira contra o País. Um contrassenso. Na linha de oposição sem critério a sigla chegou a barrar, nos últimos dias, medidas provisórias editadas por seus próprios quadros. Representantes parlamentares seguraram por seis horas, por exemplo, a aprovação de um projeto enviado a plenário por Dilma Rousseff, que autorizava a União a reincorporar trechos da malha rodoviária federal transferidos aos Estados. Da mesma maneira, eles protelaram o quanto puderam a alteração da meta fiscal sugerida pela ex-presidente. Restaria a pergunta: qual o sentido de uma atuação assim? Simples: bagunçar o ritmo do Congresso para evidenciar que Brasília não anda sem a sua turma. Já foi montado até uma espécie de “kit obstrução”, amparado pelo regimento da Casa, com manobras para adiar indefinidamente alguns temas de vital importância, como o da Previdência. Deputados adeptos da ideia da catimba, defendida com entusiasmo pela agremiação, devem, por exemplo, deixar de registrar presença, evitando assim o quórum mínimo necessário para o início das sessões. Outra artimanha cogitada é a da apresentação de sucessivos requerimentos a serem analisados antes de se avaliar o mérito. Subterfúgios baixos, rasteiras covardes, que agridem fundamentalmente o cidadão. Não por menos os postulantes dessa nau de insensatos mereceu o desprezo da maioria e devem mergulhar no ostracismo por um bom tempo.Carlos José Marques
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