quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Nosso sistema político-partidário se exauriu e leva os que dele viviam

Dia dos Pais, neste último domingo, leitor, serviu como excelente teste. Além da alegria de conviver com filhos e netos, o encontro ensejou, como sempre acontece, muita conversa sobre política. Serviu, igualmente, para confirmar que todos têm hoje consciência de que nosso sistema político-partidário se exauriu e levou de roldão os que dele sempre viveram. E mais: que o tempo corre contra a democracia.

Não sei se todos os presentes à bonita festa aceitaram de bom grado a afirmação de que nosso país já foi melhor, “muito melhor”, como fiz questão de frisar. Houve época em que, disse-lhes, mesmo que não praticássemos a melhor política, o país dispunha de melhores políticos. Seus eleitores faziam questão de chamá-los (a muitos deles, certamente) de “homens públicos”.

Eram cidadãos probos, que observavam um mínimo de decência pessoal, profissional e pública. A política ainda não se transformara em meio de enriquecimento ilícito. Meio que se alastrou de modo impressionante de alguns anos para cá. Meio, aliás, que envolveu não só políticos, mas também empresários.


Durante a conversa, quando dizia algo intrigante, observava o olhar atento e aflito de três netos, recém-bacharelados em direito. Mas o olhar de descrença, em relação a nossos políticos, não era só dos três, mas de outros netos, de seus pais e de todos os presentes. Sobre o debate dos candidatos a presidente, a opinião foi uma só: como acreditar em políticos que já estão por aí há mais de 30 ou 40 anos e, até agora, não ofereceram ao país sequer um programa de governo que atenda as necessidades básicas do povo brasileiro? À exceção dos chavões de sempre, usados em cada eleição, será que algum deles soube, um dia, o que quer e precisa o povo brasileiro?

Pelo que tenho ouvido ou lido, a sensação que se tem é a de que o ambiente de pessimismo do último domingo é o mesmo que tomou conta da sociedade brasileira. Por isso, ela está prestes a explodir, soterrando outra vez o regime democrático. Dá medo só de pensar que o Brasil possa assistir, no segundo turno, a uma disputa polarizada entre um candidato apoiado por um político condenado judicialmente e um político raivoso, que se diz ex-militar, mas tem mandato há 30 anos.

E pior: quase ninguém está preocupado com o futuro do Brasil. Como se não estivéssemos em situação de penúria, o Supremo Tribunal Federal, por exemplo, alheio ao que isso possa trazer às contas públicas, decidiu agora, exatamente agora, às vésperas de uma eleição perigosa, conceder aumento a seus ilustres ministros.

O aumento não poderia ser adiado para outra ocasião, quando outros problemas maiores já tivessem sido resolvidos? Claro que sim! Apenas quatro dos 11 ministros do STF, à frente Cármen Lúcia, tiveram o bom senso de não aderir à esdrúxula proposta e votaram contra.

Se eu soubesse em quem votarão as mulheres (são 77 milhões de votos!), até onde vai o ex-presidente Lula em seu desvario e, enfim, aonde chegará essa estúpida polarização político-ideológica, talvez aventurasse um palpite, naquele almoço, para o segundo turno.

O ex-presidente Lula, autor e vítima da lei que assinou, está sentenciado e preso. Em vez de se defender com dignidade e, mesmo da cadeia, tentar unir o país, prefere jogar lenha na fogueira de sua vaidade, além de estimular, entre os brasileiros, mais ódio e menos esperança. E sem qualquer preocupação com nosso futuro.


O que nos resta, se possível, é não deixar de votar.

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