quarta-feira, 7 de março de 2018

Acadêmicos da Destruição

No que somos bons? Somos excepcionais em destruir. Sabemos destruir planos, heranças, promessas, personalidades, fatos, governos, empresas, investimentos, impostos e o futuro.

O Brasil e um dos países mais avançados do mundo no quesito destruição. Possuímos a cidade mais linda do mundo, que foi destruída. Tínhamos o presidente mais popular do mundo, (auto)destruído. Tínhamos superávits mensais e nível de investimento que a rainha da bateria dos Acadêmicos da Destruição, Dilma Rousseff, destruiu.

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Congresso, JBS, Petrobras, CBF, Oi, Odebrecht, Olimpíada, Estádios da Copa, educação, SUS, universidades federais, a lista é infinita. Alguns mostram recuperação (Petrobras, Oi, CBF, talvez outros mais já esteja em processo ou vão conseguir), mas, em geral, nossa ânsia pela destruição de tudo de bom que possuímos é enorme. Por que somos assim?

Nossa relação com a Democracia e o Presidencialismo são superficiais e mal compreendidas. Tratamos a democracia apenas como um fim e não como um processo. Para muitos, a democracia é apenas o ato de votar, não de monitorar, pressionar, e buscar o aprimoramento. As regras não são compreendidas e o Congresso (a alma de uma democracia), é tratado como a lixeira da nossa. Temos instituições, temos leis, temos processos, temos imprensa livre, mas temos duas pontas desencapadas deste longo fio, as quais geram todo o curto-circuito no nosso funcionamento: o eleitor e o eleito. O eleitor vota por vingança, por paixão, por deboche ou por provocação. A convicção é leve, é superficial e baseada, muitas vezes, no instinto.

Nosso Presidencialismo também é demonizado. Alguns dos importantes líderes políticos de nossa historia, muitos, diga-se de passagem, não queriam o Presidencialismo que criaram. Buscavam o parlamentarismo, mas não havia narrativa suficiente para explicar que o debate coletivo das ideias poderia ser mais importante para o eleitor do que o messianismo de um salvador.

Destruir é fácil e traz um prazer quase proibido para quem participou da arquitetura da mesma. No ambiente político e econômico de hoje, temos a Reforma da Previdência destruída pela enésima vez. Esta, corre o risco de voltar apenas quando algo ainda mais importante for destruído: o futuro do aposentado. A reforma politica é a oportunidade de nos livrarmos de um sistema político indutor da corrupção, viciado e injusto na forma de eleger seus representantes. A reforma tributaria é a chance de simplificarmos o pagamento de impostos e facilitar a abertura de empresas e dar estímulo ao investimento privado.

No entanto, nada disso avança. A torcida, de grande parte é que não dê certo e que essas mudanças não avancem. Vários preferem destruir a Previdência a ter que arcar com os custos políticos de construir algo novo partir de agora. Outros, preferem destruir a credibilidade política a ter que modificar as regras que os elegem. O fetiche pela destruição sempre passa pela estrada da arrogância. Por isso, certamente, não estão percebendo que os próximos a serem destruídos são eles próprios!

Thiago de Aragão

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