Infelizmente, esse descritério decorre de histórica deformação constitucional, que faz com que ministros de tribunais superiores e desembargadores dos tribunais dos Estados sejam escolhas políticas do presidente da República e dos governadores dos Estados. O resultado muitas vezes é o que se está assistindo, que faz com que a interpretação da norma seja uma repetição do que a mitologia grega destacou como “o leito de Procusto”. Vulgarmente, é o espicha-encolhe do entendimento e da aplicação da lei, muitas vezes o querer justificar aquilo que não tem justificativa, ainda que ferindo o direito, a ética e o bom senso. Não importa; para muitos, o fim justifica os meios.
Estamos vivendo, em razão dos envolvidos, mais uma quadra perigosa de nossa história. Um ex-presidente, seus filhos, centenas de seus acumpliciados formalmente envolvidos em delitos capitulados no Código Penal, muitos desses com processos já julgados em primeira e segunda instância e que ainda se acham beneficiados pela inércia de parte do Judiciário – os tribunais superiores, em especial –, com tal benevolência reafirmam que no Brasil o crime compensa. Sim, compensa, especialmente se lembrarmos que, das 183 condenações já concluídas em Curitiba pela operação Lava Jato, nenhuma sequer foi julgada por Brasília, condenando ou absolvendo seus réus. Muitas serão arquivadas por prescrição.
Vã esperança a nossa nas ações de nosso Judiciário. Felizmente, há exceções. E ovos...
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