quinta-feira, 15 de março de 2018

A caixinha da segurança é uma ideia velha e ruim

O ministro Raul Jungmann propôs um fundo para financiar ações de sua nova pasta. Ele anunciou que vai chamar grandes empresários ao Planalto e pedir dinheiro para projetos de segurança. A ideia não é nova e não parece boa. No Rio, deu em encrenca durante o reinado de Sérgio Cabral. Jungmann disse ao repórter Rodrigo Taves que é um ministro “sem equipe, sem dinheiro e sem teto”. Como ninguém o obrigou a assumir o cargo, ele deveria endereçar a queixa a quem o nomeou.

A negociação com os empresários tende a ser mais difícil. A recuperação da economia ainda é lenta, e o setor privado não tem demonstrado nenhuma vontade de transferir mais dinheiro para o governo.

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O ministro teve uma amostra do mau humor na segunda-feira, durante jantar em Brasília. Quando ele mencionou a proposta do fundo, um executivo de multinacional lembrou que as empresas já estão no sufoco para pagar os impostos.

Numa tentativa de dissipar o constrangimento, o empresário perguntou se haveria uma forma de colaborar sem coçar o bolso. Jungmann respondeu com generalidades e mudou sutilmente de assunto.

Antes de passar a sacolinha, o governo deveria informar o que pretende fazer com os recursos. Até hoje, não conseguiu sequer apresentar um plano para a intervenção no Rio, que completará um mês na sexta-feira.
O Estado já forneceu um exemplo de como a ideia da caixinha pode desandar. Em agosto de 2010, Cabral reuniu executivos no Palácio Guanabara e anunciou um fundo para bancar as UPPs. O discurso era o mesmo: usar dinheiro privado para turbinar os investimentos em segurança. A estrela do grupo era Eike Batista, que prometeu repassar R$ 20 milhões por ano. A CBF, ainda sob o comando de Ricardo Teixeira, também entrou no rateio.

Tempos depois, o ex-governador e o ex-bilionário foram presos, acusados de corrupção. O ex-cartola continua solto, mas não se arrisca a sair do país. As UPPs foram abandonadas, e o governo nunca prestou contas das doações que recebeu.

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