No caminho da escola, logo no primeiro dia, Pinóquio fez dois amigos. Ou pelo menos pensou que fez. Erro comum. Acontece com todos. Se bem que desconfiar que raposas e gatos não tem lá a melhor reputação quando se trata de amizade.
Além disso, os novos amigos faziam promessas atraentes. Logo de cara, diziam que gente inteligente não vai a escola. Aprendem na vida. E, melhor, divertindo-se. Não existiria razão mesmo para esforço desperdiçado com trabalho.
Recompensa e sucesso sem esforço. E com diversão. Tudo o que qualquer um desejaria. Bastava apenas seguir uma raposa e um gato em direção a uma vida onde tudo é fácil, divertido e, sobretudo, sem responsabilidade.
Raposas, gatos e gatunos são e devem ser sempre passiveis de responsabilidade criminal. Mas no fundo, talvez não sejam eles os únicos culpados pelos grandes desastres da vida. Encontra-los é, por destino, desenho ou desejo, parte da vida. Mas segui-los é escolha. E, dependendo da qualidade da escolha, leva aos desastres.
Desastres não acontecem somente em razão das existências de uns poucos. Mais do que isso, desastres dependem da tolerância, omissão, ou desinteresse da maioria. Liderança sem controle ou responsabilização é a receita da tragédia. Inevitavelmente pavimenta o caminho do inferno.
Líderes refletem a qualidade dos liderados. Ninguém chega a posições de poder por acaso. Precisam de suporte dos liderados. E se liderados não exigem qualidade de seus líderes, sem qualidade ficam. É a natureza das coisas. Imutável, previsível e inevitável. Por isso cabe aos liderados, e não aos líderes, a imposição de limites e padrões de comportamento ao poder.
Raposas, gatos e gatunos sempre tratarão, ou tentarão tratar, seus liderados como idiotas. Mas a gente pelo menos não precisa parar de fornecer razoes para isso.
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