Lee Jeffries |
Comemorou-se neste domingo, 19 de novembro, o infeliz Dia Internacional dos Pobres.Há um ano,no encerramento do Jubileu da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu a data como forma de motivar a Igreja para combater a indiferença das pessoas diante das desigualdades do mundo e dos sofrimentos dos mais pobres.Ironicamente, na mesma semana o quadro “Salvador Mundi”,retratando o Cristo com um globo de cristal na mão,atribuído a Leonardo da Vinci, foi arrematado por 380 milhões de euros na casa leilões Christie’s.
Poucos dias antes,um menino de oito anos desmaiou com fome numa escola pública de Brasília, próxima ao Congresso,onde a maioria dos seus ocupantes locupletou-se dos recursos públicos que poderiam evitar essa situação escandalosa.Podemos fingir que não vemos,ou que não reparamos,mas é impossível não ver e denunciar os dois chocantes acontecimentos , revelando que a concentração de riquezas tornou o mundo um local onde os valores humanos fundamentais foram depreciados e predomina o dinheiro,venha de onde vier.
Ao lado do Parlamento,crianças da periferia de Brasília são obrigadas a viajar quilômetros com a barriga vazia para freqüentar precárias escolas públicas.O que não é prerrogativa do Distrito Federal,pois comum em todo o país.Ironicamente,nenhum parlamentar ou dirigente político se deslocou até ao local para ver o que se passava.Foi uma modesta professora, Ana Carolina Costa, com seu minguado salário e dos demais membros da escola ,que organizou uma vaquinha para comprar uma cesta básica para a família da criança,com mais três irmãos esfomeados.
É impossível não se perguntar para que alguém necessita ter um quadro desse valor,ou milhões e milhões de dólares à disposição.A mais simples explicação aponta para o desejo e não para a necessidade.Muitos acreditam que a necessidade é a mãe do crime.Contudo,com poucas exceções,o crime decorre mais do desejo do reconhecimento,da acumulação ,da vaidade, da ganância e da posse de bens materiais que não são necessários para a sobrevivência humana.
Pode ser chover no molhado, mas não custa insistir que as fortunas devem ser divididas para investimento na educação,na cultura e na formação profissional dos mais carentes.Talvez isso tornasse os acumuladores pessoas melhores.Terá sido por essa razão que Bill Gates deixou a presidência da sua bilionária empresa capitalista para se dedicar à filantropia?Quem sabe isso dá mais sentido à sua vida e o torna uma pessoa mais paz na sua relação com o mundo que tanto lhe deu,mas poucos acreditam ou querem imitá-lo.
O governo e as elites brasileiras assistem de braços cruzados ao estado de pobreza em que se encontra a maioria da sua população.A coisa pública está entregue a um bando de ladrões formado por dirigentes políticos e parlamentares para enriquecer cada vez mais.Não existe nenhuma preocupação em garantir um mínimo de justiça e equidade na sociedade,com a adoção de regras que possam abranger todos os cidadãos,sem exceção.E sem elas,não pode haver confiança na classe dirigentes, respeito pelos outros e espírito de colaboração que permitam a coexistência democrática capaz de promover o bem-estar de todos.
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