Responsável pela pasta dos Direitos Humanos, a ministra Luislinda Valois não se revelou uma campeã das causas dos fracos e oprimidos. Mas assimilou rapidamente os maus hábitos dos poderosos. O Estadão conta que Luislinda escreveu 207 páginas para defender o seu direito de receber dois contracheques: o de ministra e o de desembargadora aposentada. Coisa de R$ 61 mil. Pela lei, nenhum servidor pode receber além do teto de R$ 33.700. Mas Luislinda quer furar o teto.
Filiada ao PSDB, Luislinda anotou no seu documento que “se assemelha ao trabalho escravo” o teto que limita seu salário a R$ 33.700 —noves fora o cartão coporativo, a moradia funcional, o carro oficial, o jato da FAB e outras mordomias. Ganha uma biografia de Zumbi dos Palmares quem for capaz de citar uma frase de Luislinda contra a portaria editada pelo governo para dificultar o combate ao trabalho escravo.
Alguém poderia cantarolar para Luislinda um trecho da música Maria Moita, de Carlos Lyra. Diz a letra: “Vou pedir ao meu Babalorixá / Pra fazer uma oração pra Xangô / Pra pôr pra trabalhar / Gente que nunca trabalhou.” Contaminada pelo refrão, Luislinda talvez não volte nunca mais a tentar escravizar o contribuinte brasileiro, que não merece ser acorrentado aos seus privilégios.
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