Ou o povo que tem, ao que parece, continua bestializado.
O brilhante José Murilo de Carvalho garimpa Artur Azevedo em O Tribofe de 1892:
“Das algibeiras some-se o cobre, como levado por um tufão:
Carne de vaca não come o pobre, qualquer dia não come pão.”
O que fizemos da República, da gestão da coisa pública? O que há a comemorar nesta data que marca o fim da monarquia e o advento da república? As instituições em crise, o federalismo em risco, a nação e a soberania sob ameaça.
A república é verdadeiramente república quando a coisa pública se confunde com a causa pública, no interesse de todos os cidadãos na expressão máxima da cidadania, e não no assalto nada republicano de piranhas ávidas e interesseiras ao naco maior da coisa pública.
Neste momento, o jogo corre e a geral, indulgente, está de costas. As elites, nas cadeiras de cima, a tudo assistem desinteressadas de seu papel nos destinos do país; a classe média – ou o que dela restou – apega-se à bóia do salve-se quem puder enquanto foge do assaltante da esquina, já que não pode fugir dos assaltantes de palácios. O “geraldino”, com o que sobra, vai tomar um pega-pinto ali no Zé da Gruta.
Às vésperas dos 130 anos da República, fica-se entre a débil crença na capacidade das elites para as reformas e a esperança nas forças populares para um 15 de novembro que venha valer a pena.
Mas, como dizem os filósofos: sejamos otimistas, deixemos o pessimismo para tempos melhores...
Há aí, quando os caminhos se fecham e até o passado parece incerto, a oportunidade de se repensar o Brasil, repassá-lo a limpo, convocando, nos 30 anos da Constituição de 88, uma ampla Revisão Constitucional para 2022.
A prudência recomenda um freio de arrumação institucional antes que um novo Lampião venha iluminar a noite e tirar o povo da apatia na qual foi jogado por falta de escolha.
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