Projeto Brasil
Numa entrevista dada à imprensa dias atrás, um destacado homem público mineiro alertou para a necessidade de que a sociedade reflita e afrouxe suas resistências à classe política, sinalizando o óbvio: “É na política que se encontram os espaços para se tornarem realidade as ideias e as demandas da nação. Sem eleitos para serem executivos e parlamentares, não se viabilizam políticas públicas corretamente concebidas e democraticamente dosadas em sua oferta à população”. Não há dúvida disso.
Mesmo vivenciando um clima de absoluta desesperança e na mais grave crise de tudo – de trabalho, de dinheiro, de mudanças econômicas, de segurança, de crédito, de serviços públicos adequados e de decência, especialmente –, são os políticos que elegemos, com raríssimas exceções, para serem nossos representantes, que se aplicaram em descer tanto a régua que os mede e os (des)qualifica, gerando um sentimento de tamanha má sorte como o que hoje nos acomete. Que infortúnio, que miséria essa que tem sido a nossa realidade; que incapacidade tivemos em outorgar poder (todos têm mandatos que o voto do povo lhes concedeu) a tanto bandalho, tanto vagabundo, tanto ladrão, como os fatos revelam que são ou foram presidentes da República, senadores, deputados, prefeitos e vereadores. Estes se serviram das mais grosseiras e imundas práticas de crime através da corrupção, da fraude, de desvios de recursos públicos, da mentira, que lhes possibilitaram a descarada propriedade de fortunas, em imóveis de luxo, aviões, lanchas, em depósitos no exterior, em robustas malas de dinheiro. Recursos afanados das obrigações que o Estado tem para com seus cidadãos.
Demos – porque, com o voto, assim podemos – autonomia a quem muitas vezes não tinha responsabilidade para o que se candidataram a ser e fazer.
Não é muito querer que cada um de nós tenha a obrigação de resgatar, de agora em diante, como dever republicano, a análise do comportamento daqueles que escolhemos nas últimas eleições; vamos comparar as atitudes de cada um deles, o que fizeram como os representantes que aspirávamos quando neles votamos.
Sem querer nomear alternativas dentro das que já se apresentam como disponíveis e pretendentes, especialmente os que já se oferecem como candidatos à Presidência da República, imaginarmos que a outra solução para o Brasil está em um golpe militar é o reconhecimento de nossa incapacidade de escolher, de nossa ignorância, de nossa indigência como eleitores. Nomes vão se apresentar. Para conhecê-los, haverá uma infinidade de recursos, que o eleitor saberá operar. Discutir, denunciar, gritar, com responsabilidade, é o nosso projeto. Um projeto para um Brasil melhor.
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