Em meio ao surto de devassidão ética que acometeu a política brasileira, os políticos passaram a cultivar o desejo de viver uma vida pública como se fosse privada. O Senado se esforçou para votar o caso de Aécio Neves secretamente. Michel Temer e seus aliados se irritaram com a divulgação do conteúdo da delação do doleiro Lúcio Funaro, que expôs detalhes da relação íntima do presidente com a banda devassa do PMDB. Todos fogem dos olhares do eleitor.
A má notícia é que os políticos, sempre apaixonados pela sombra, continuam se esforçando para sonegar informações à opinião pública. Não se deram conta de que a sujeira já vazou pelas bordas do tapete. A boa notícia é que a tentativa frustrada de fuga expõe um certo sentimento de vergonha. Não resolve o problema. Mas pode ser um começo. Resta torcer para que o eleitor saiba usar a transparêcia a seu favor.
Se pudessem, os políticos apagariam as luzes eternamente, com medo de que houvesse eleitores escondidos no claro. Por sorte, já não é possível brincar de esconde-esconde na política. As listas de votação estarão na vitrine de 2018. No Senado, o caso de Aécio. Na Câmara, o caso de Temer. E todos os outros casos que ainda estão por vir. Os políticos já não conseguem escapar nem mesmo do espelho, cujo reflexo é de uma franqueza brutal e irretocável.
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