O fiasco da peregrinação eleitoreira concebida por Lula era tão previsível quanto a mudança das estações do ano. Depois da condenação a nove anos e meio de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção, nem mesmo plateias alugadas têm estômago para aplaudir a ópera-bufa estrelada pelo pregador de picadeiro. O roteiro não muda. Cercado de prontuários companheiros, o gigolô dos crédulos e desinformados aparece caprichando na pose de perseguido ou rosnando com subordinados, recebe um título de doutor honoris causa, é entrevistado por uma emissora de rádio, garante que voltará ao Planalto em 2018, recolhe a lona e segue em frente.
Durante a passagem pela cidade incluída no circuito, aproveita todas as escalas para agarrar um microfone e torturar a verdade com selvageria. Promete acabar com a roubalheira que institucionalizou, culpa o vice que escolheu para completar a chapa de Dilma por todos os pecados cometidos pela sucessora que inventou, cumprimenta-se por ter inaugurado um Brasil Maravilha que jamais existiu e debita as incontáveis desgraças que produziu em parceria com Dilma na conta de uma entidade onipresente e misteriosa: eles.
Num país menos primitivo politicamente, a caravana seria ignorada pela imprensa. No Brasil, jornais despacham “enviados especiais” para a cobertura dessa irrelevância jornalística. O cortejo do que resta da seita lulopetista rima com carpideiras, cantadores de incelenças e outras singularidades nordestinas que abrandam o sofrimento das famílias dos mortos ou ainda agonizantes. Não é coisa para repórteres. Na etapa alagoana, por exemplo, a grande notícia foi o encontro entre Lula e Renan Calheiros.
As legendas das fotos que mostravam Renan abraçado a Lula informaram que aquilo era “uma troca de afagos”. Conversa fiada. O que o Brasil decente viu foi a confraternização de processos e inquéritos que somam 18 casos de polícia ─ 12 protagonizados por Renan, seis por Lula. Por enquanto.
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