Nada mais natural e ao mesmo tempo moralmente indefensável do que a distribuição de cargos e a liberação de verbas para obras em troca de votos de deputados e senadores.
É o que o governo Michel Temer faz desde o seu primeiro dia quando ainda era um governo provisório. Foi o que fizeram todos os governos que o antecederam. É o que os próximos governos farão, infelizmente.
Seria inimaginável que um presidente em qualquer lugar montasse seu governo com a escalação de adversários para ajudá-lo a governar, desprezando os aliados. Não ficaria de pé por muito tempo.
Mas aqui e em outras partes o que ocorre é outra coisa. Cargos e verbas públicas são usados para que parlamentares abdiquem de suas convicções e traiam seus eleitores. E os cargos servem para que eles façam dinheiro.
Os presidentes não loteiam os cargos com o propósito explícito de que sejam usados para roubar. Mas sabem que haverá tal uso, discreto ou explícito. É por isso que o sistema político brasileiro apodreceu.
Raros são os políticos que gastam do próprio bolso para se eleger. Pagam suas contas e forram seus bolsos com o dinheiro do fundo do partidário e com o que arrecadam via afilhados bem empregados no serviço público.
É à base do toma-lá-me-dá-cá que são produzidas as mais tenebrosas transações. E ao final quem arca com tudo é o distinto público que paga impostos e continua sendo mal tratado pelo Estado.
É por isso que com frequência governos impopulaqres como o atual conseguem sobreviver às mais precárias situações. Podem ser fracos da porta da rua para fora. Mas são fortes da porta do Congresso para dentro.
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