O fato concreto é que não há como o Planalto e seus aliados conseguirem levar adiante a operação para abafar a Lava Jato no Judiciário. E a nomeação de Raquel Dodge para substituir Rodrigo Janot na Procuradoria-Geral de República, a partir de setembro, pouco significa. Nenhum membro do Ministério Público Federal terá a desfaçatez de se transformar em “engavetador” de processos, isso é ponto pacífico.
Raquel Dodge não irá contestar o trabalho que Janot vem conduzindo. Como reconheceu nesta quinta-feira o ministro Marco Aurélio Mello, em entrevista ao Estadão, as denúncias do procurador-geral “costumam ser bem embasadas”. E assinalou não ver motivos para desacreditar previamente das acusações feitas por Janot.
“Presume-se que, em se tratando de denúncia da cúpula do Ministério Público, ela não seja inepta. E, de qualquer forma, nesses anos, ele (Janot) tem apresentado peças consistentes”, disse Marco Aurélio Mello.
Com o fracasso do boicote à Lava Jato no Judiciário, para o Planalto e a bancada da corrupção só resta insistir nos projetos já apresentados ao Congresso e que estão devagar, quase parando. O mais visado, e o senador Aécio Neves foi até gravado pedindo apoio a Gilmar Mendes para aprová-lo, é a Lei de Abuso de Autoridade, na versão apimentada pelo relator Roberto Requião (PMDB-PR).
Há outras propostas, como anistia ao caixa dois; ampliação do alcance dos acordos de leniência visando a inocentar os envolvidos; e prazo-limite de apenas 15 dias para grampos telefônicos com autorização judicial. Mas todos os projetos estão destinados ao fracasso, porque a opinião pública mantém a pressão e a internet demonstra ter cada vez mais influência na política. Isso indica que nada será como antes, na antevisão de Milton Nascimento e Lô Borges.
Nenhum comentário:
Postar um comentário