Atravessamos, portanto, um período crítico, pois os corruptos ainda podem levar a melhor, em sua matreirice parlamentar, mantendo suas estratégias para sugar o patrimônio público e dominar a população ignorante e dependente de benesses oficiais. Ou teremos avanço considerável se os cidadãos honestos assumirem o protagonismo, exigindo revisão geral da gestão pública, com novo código de conduta para que as autoridades fiquem comprometidas com a transparência, a austeridade e os projetos indispensáveis ao bem-estar coletivo.
Uma reviravolta dessa magnitude cobra intensa participação em todos os ambientes, preparando-nos para as eleições de 2018, quando selecionaremos novos governantes pelo voto soberano, consciente e livre, prestigiando lideranças confiáveis e eliminando oportunistas, desonestos e demagogos, que pretendem apenas perenizar seu poder, transferindo-o depois a seus descendentes.
Não cabe fazer agora campanha contra o sufrágio obrigatório, porque isso pode ensejar a permanência de alguns vícios, enquanto radicais discursam sobre a falácia da democracia e a necessidade de retorno do regime militar. Quando houve a redemocratização do Brasil, em 1985, imaginamos que as eleições diretas proporcionariam liberdade e desenvolvimento, mas os escândalos tornaram-se rotina nas administrações subsequentes. Os últimos acontecimentos estão apenas trazendo mais lama para a história política, expondo a inesgotável capacidade das autoridades para ludibriar um país que poderia viver dias melhores. A aversão ao voto obrigatório tem crescido, pois os candidatos de sempre não se acanham de recorrer a meios ilícitos para atingir objetivos que estão sempre na contramão dos interesses nacionais. Alguns cidadãos mais críticos dizem que os brasileiros vão reconhecer sua conivência com meios sórdidos para obter sucesso, o que seria uma demonstração de nossa decadência moral.
Precisamos resistir a proposições sobre anulação do voto para demonstrar repulsa à criminalidade na administração pública, porque isso não é solução para alterar o quadro político. Estaríamos abrindo mão de um direito essencial à cidadania sem oferecer alternativas para um grave problema, pois o candidato de alguns será o governante de todos. Ou seja, a ética passiva não contribui para a transformação dos esquemas viciados, pois lideranças nocivas crescem justamente no vácuo deixado por aqueles que não se posicionam efetivamente no pleito, delegando a outros a escolha de quem assumirá o poder.
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