A princípio, era apenas a Tribuna da Internet que ficava incomodando o Planalto com a suposta teoria conspiratória de que estava sendo armada uma operação conjunta com o Congresso Nacional para inviabilizar a Lava Jato. Durante meses, revelamos aqui no blog, com absoluta exclusividade, que seria adotada uma estratégia semelhante à que deu certo na Itália nos anos 90 e bloqueou o prosseguimento da operação Mãos Limpas, que teve 2.993 mandados de prisão e atingiu 438 políticos, inclusive quatro ex-primeiros-ministros.
Não mais que de repente, diria Vinicius de Moraes, aqui no Brasil a mídia inteira despertou para o assunto, que virou capa da Veja e nos últimos dias tem sido um festival de denúncias.
Essa reação da mídia brasileira, divulgada pela agência France Press para o mundo inteiro, já era esperada pelo Planalto desde a semana passada, quando mais uma vez o governo Temer proibiu a livre circulação de jornalistas credenciados nos andares em que funcionam a Presidência, a Casa Civil, a Secretaria de Governo e o Gabinete de Segurança Institucional.
Agora, jornalistas só podem entrar no quarto andar se tiverem hora marcada com alguma autoridade, a exemplo do procedimento adotado antes apenas com relação ao terceiro andar, onde fica o gabinete presidencial.
A circulação dos jornalistas no quarto andar sempre foi permitida nos governos militares e nas gestões de Sarney, Collor, Itamar e FHC. Nos governos Lula e Dilma é que a restrição passou a ser imposta. Na gestão interina, Temer chegou a ser elogiado por permitir o acesso a todos os andares, inclusive ao terceiro, onde fica o gabinete presidencial, mas essa liberalidade só durou algumas semanas.
A proibição só passou a incluir o quarto andar em setembro do ano passado, determinada por Márcio de Freitas Gomes, chefe da Assessoria de Imprensa, atendendo a uma ordem dos ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). Mas foi uma decisão tipo vacina, que não pegou. E pouco a pouco o controle foi sendo atenuado, os jornalistas voltaram a circular no quarto andar.
Com as denúncias da montagem da Operação Abafa, a proibição foi restabelecida na última quinta-feira, com seguranças postados perto dos elevadores e das escadas, para barrar os jornalistas, e o acesso passou a ser permitido somente com o acompanhamento de um funcionário da Secretaria de Comunicação.
A mudança de procedimento ocorreu logo após a nomeação de Moreira Franco para a Secretaria-Geral, que passou a incorporar a Secretaria de Comunicação (incluindo Imprensa), o Cerimonial e a Administração do palácio, com o consequente esvaziamento da Casa Civil, que manteve apenas uma assessoria de relativa importância, a Subchefia de Assuntos Jurídicos.
Assim que Moreira Franco foi nomeado, começou uma movimentação no quarto andar, com mesas de triagem de segurança instaladas na saída do elevador. Na quinta-feira, dia 9, os seguranças começaram a barrar os jornalistas.
Moreira, que está em situação indefinida até que o plenário do Supremo dê uma palavra final sobre sua nomeação, ainda está alojado no antigo gabinete da Vice-Presidência, fora do palácio, no Anexo 1.
O fato concreto é que todos estão assustados com a forte reação à iniciativa palaciana de bloquear a Lava Jato, em manobra já iniciada no Congresso por Rodrigo Maia, Eunício Oliveira e Edison Lobão, os três mosqueteiros que eram quatro e seguem as ordens de Renan Calheiros, uma espécie de D’Artagnan às avessas.
No desespero, Temer convocou os jornalistas para anunciar que não vai blindar ninguém e demitirá todos os ministros que virarem réus na Lava Jato. Em tradução simultânea, disse duas coisas: 1) não pretender blindar mais ninguém, Moreira Franco foi o último; 2) não vai demitir nenhum ministro citado na Lava Jato, não importa a gravidade de acusação, pois só os demitirá depois que virarem réus.
Na verdade, Temer quer apenas ganhar tempo e controlar a situação, enquanto os ridículos mosqueteiros lutam para inviabilizar a Lava Jato, através da aprovação daquela série de projetos já denunciados repetidas vezes aqui na Tribuna da Internet, sempre com exclusividade.
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