Não foi a primeira vez.
Há pouco mais de um mês, em um prédio de consultórios no Rio, foram roubados agentes biológicos caríssimos utilizados em reumatologia e que precisam ser conservados em baixa temperatura para manter sua eficácia. Hoje a clínica tem segurança armada na porta.
Será que existe um COCO - Centro Oncológico do Crime Organizado? Não creio.
Gente estabelecida compra, comercializa e administra esses medicamentos. Esses bandidos usando jaleco devem ter notas fiscais de remédios adquiridos legalmente, que usam para burlar a fiscalização.
No entanto, o crime mais grave é que essas drogas armazenadas de forma inadequada deixam de agir como deveriam, causam efeitos maléficos e podem matar os pacientes.
A Agência de Vigilância Sanitária, após o escândalo das “pílulas de farinha”, em 1999, aprovou uma resolução para a criação do sistema nacional de rastreabilidade de medicamentos, o que permitiria o controle do caminho de medicamentos da fábrica até o paciente.
O aumento do custo foi estimado em 0,05%, mas melhoraria enormemente a segurança no uso dos medicamentos, em todas suas fases: fabricação, transporte, distribuição, armazenamento, prazo de validade, prescrição, administração e avaliação de efeitos colaterais por lotes específicos, além de ajudar no combate tanto da falsificação, quanto do roubo. Porém a pressão da poderosa indústria farmacêutica e a complacência de nossos congressistas adiou essa normatização em 2013 e 2015. O golpe fatal foi desferido em 27 de setembro de 2016, quando sepultou qualquer prazo para adoção dessa saneadora medida.
O mercado brasileiro de medicamentos, que tem uma “informalidade” (amoralidade) de 30%, fato inconcebível nas sedes mundiais da lucrativa indústria farmacêutica, segue feliz.
Por quê? Uhum! Estranho!
A segurança dos pacientes exige a rastreabilidade dos medicamentos, fundamental também no combate à receptação de esperanças roubadas.
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